Revolução de 32 mobilizou homens e mulheres como a Maria Espingarda

09/07/2015 13h25 - Atualizado em 09/07/2015 16h57

Professora de São João da Boa Vista pegou em armas e perdeu trabalho.
Quartel virou ruína e memórias do confronto na região estão em risco.

Do G1 São Carlos e Araraquara FACEBOOK
Há 83 anos, os paulistas pegavam em armas para exigir do presidente Getúlio Vargas uma Constituição. A região de divisa com Minas Gerais foi palco de várias batalhas, mas não preservou os materiais relacionados à participação na Revolução. Graças a historiadores e familiares de soldados, porém, é possível recuperar memórias e ter a dimensão da coragem dos homens e mulheres que lutaram nesses locais em 1932.
Maria Sguassábia lutou na Revolução de 32 e prendeu um tenente mineiro (Foto: Reprodução/EPTV)Maria Sguassábia lutou na Revolução e prendeu
um tenente mineiro (Foto: Reprodução/EPTV)
Uma das combatentes foi Maria Sguassábia, a Maria Espingarda, heroína de São João da Boa Vista que foi para a linha de frente nos confrontos.
“Ela também ajudava a lavar a farda do irmão, e ela viu quando um dos soldados deixou, jogou a arma e desertou. E ela então foi, pegou a arma, vestiu a farda do irmão e se juntou aos soldados”, afirmou a aposentada Therezinha Sguassábia, sobrinha de Maria.
Ela lembrou também que a tia fez história ao prender um tenente mineiro. “Quando ela tirou o capacete, o quepe, e ele viu que ela tinha um cabelo comprido, ele falou ‘Meu Deus, eu fui preso por uma mulher’”, contou.
(...) ela então foi, pegou
a arma, vestiu a farda
do irmão e se juntou
aos soldados"
Therezinha, sobrinha de Maria Sguassábia
“Temos muito orgulho da história dela, da história da nossa família, de outros combatentes também terem feito tão bonito por São Paulo”, completou a professora Ana Laura Sguassábia.
O pai da aposentada Neyde de Lima Santos Corbelli também lutou, entrou em batalha emVargem Grande do Sul, e ela conviveu com Maria Espingarda, que se tornou inspetora de alunos após 32.
“Nós perdemos a Revolução e o chefe do outro lado soube que era uma mulher e que era professora, pegou e tirou ela do cargo. Quer dizer, uma arbitrariedade terrível”, lamentou Neyde. “Era mulher verdade, mulher herói e de grande audácia”, elogiou.
Hotel que servia de quartel aos paulistas em 1932 está abandonado (Foto: Eder Ribeiro/EPTV)Hotel que servia de quartel aos paulistas em
32 está abandonado (Foto: Eder Ribeiro/EPTV)
Abandono
O quartel da tropa na região era o Hotel São Paulo, em Águas da Prata, um prédio amplo e imponente que, abandonado há anos, virou abrigo para moradores de rua.
Parte do teto desabou e as portas e janelas estão perdendo os vidros. Sem qualquer placa que mencione o passado do espaço, quem passa pela área nem imagina a importância da estrutura para a luta dos paulistas.
“Estratégias todas da revolução, os ataques e contra-ataques, foram decididos neste local, então é um ponto da mais alta importância e não ficou nenhum registro, não tem uma placa, não tem um monumento, não se tem nada contando a importância que teve para a história não só de São Paulo, para a história do Brasil”, criticou a historiadora Neusa Menezes, que escreveu um livro sobre a luta.

A pedido do Governo de São Paulo na época, outro hotel da cidade virou um hospital para os feridos em combate. Nele também não há nenhuma menção à Revolução.
Paulistas pegaram em armas para exigir uma Constituição (Foto: Reprodução/EPTV)Paulistas pegaram em armas para exigir de Getúlio
Vargas uma Constituição (Foto: Reprodução/EPTV)
Na montanha do bairro Cascata, onde aconteceram combates, também faltam informações. Não há nada que indique que no local, em 26 de julho de 32, foi travada uma batalha com nove horas de duração, 10 mortos e 48 feridos.
“Aqui foram feitos os primeiros prisioneiros paulistas. Como eles tinham muita amizade com muitos caldenses, o pessoal de Poços de Caldas, eles acharam que podiam negociar até com o comando de lá, se propuseram a negociar e foram rendidos, ficaram presos em Poços de Caldas”, contou Neusa.
São Sebastião da Grama também foi campo de algumas batalhas. Os paulistas ficavam no Morro do Serrotinho e havia uma trincheira onde eles se abrigavam dos ataques dos mineiros, porém o ponto exato desse espaço se perdeu. Nem mesmo as balas, encontradas há alguns anos, permaneceram para contar a história.
“Quando nós éramos crianças, nós vínhamos frequentemente atrás de bala e achávamos muita bala de fuzil”, contou o historiador Arnaldo Bollos.
História
Em 1930, um ano depois da crise do café, Getúlio Vargas assumiu o país. No governo provisório, o presidente nomeou interventores para governar São Paulo. Contrariados, os grandes fazendeiros de café começaram a organizar um movimento no estado para derrubar Vargas e pedir uma nova constituição no país.
Como as reivindicações não foram atendidas, os paulistas começaram a se manifestar nas ruas contra o governo de Vargas. Em um desses protestos, em maio de 1932, uma reação policial provocou a morte de estudantes que militavam contra o governo, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As iniciais dos nomes (MMDC) se tornaram símbolo da revolução.
A revolução de 32 teve duração três meses. Neste período 135 mil homens participaram da batalha. Do lado paulista, 850 soldados perderam a vida.
fonte: http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2015/07/revolucao-de-32-mobilizou-homens-e-mulheres-como-maria-espingarda.html acessado em 10/07/2015 

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