Roma declara guerra à publicidade machista

 
María Salas Oraá.
Roma, 5 abr (EFE).- A prefeitura de Roma declarou guerra à publicidade machista e começou a eliminar todos os cartazes sexistas espalhados pela cidade que divulgam a imagem de "mulher objeto" e que apresentam o corpo feminino de maneira ofensiva.
O anúncio foi feito pelo prefeito de Roma, Ignazio Marino, na recente entrega dos prêmios "Immagini Amiche" ("Imagens Amigas"), promovidos pela Unione Donne in Itália (UDI, União de Mulheres na Itália) e pelo Escritório de Informação na Itália do parlamento europeu para promover uma publicidade sem estereótipos.
Marino afirmou no Auditório do Museu do Ara Pacis que "o corpo da mulher não poderá ser associado a imagens que o equiparem a um objeto de maneira sexista" e que os espaços da prefeitura "só serão vendidos a quem respeite as regras".
Além de retirar imagens ofensivas e não ceder espaços públicos a anúncios machistas, o prefeito anunciou a criação, "antes do verão", de um organismo que avaliará se a publicidade se inscreve dentro das normas de "não discriminação" quanto à orientação sexual e identidade de gênero.
A responsável nacional da UDI, Vittoria Tola, disse à Agência Efe que Roma se transforma em uma cidade "mais consciente" ao ficar livre dos anúncios machistas e explicou que a capital italiana "já se organizou" para combatê-la.
"A cidade se declarou disposta a batalhar", afirmou após assegurar que "Roma já trabalha para que todos os anúncios machistas sejam imediatamente retirados por responsáveis da prefeitura".
Uma ação que segundo Tola é crucial, porque "quanto mais as mulheres são degradadas e são apresentadas como objeto, mais aumentam os abusos sexuais, a violência contra elas e o feminicídio".
"Deixemos de ser estúpidos para fazer negócio", pediu às empresas, embora também queira incluir os jovens estudantes, que devem aprender e "decodificar o que têm perante os olhos e a entender que há por trás de cada imagem".
Tola rejeitou proibições e insistiu em uma "mudança de mentalidade" protagonizada pelos jovens, que devem aprender que a publicidade sexista reproduz "o uso e abuso do corpo da mulher, uma sexualização exagerada que corresponde a uma mentalidade machista que necessita usar o corpo feminino de forma degradada".
Estas mulheres, continuou Tola, aparecem nos anúncios "como maravilhosas donas de casa, super-mães, prostitutas ou como super-empresárias rodeadas de admiradores", uma imagem que - segundo ela - "não corresponde com a realidade".
Além disso, em algumas ocasiões "vêm representadas de maneira ridícula, associadas a carros e cervejas e protagonizando imagens que representam um universo feminino absurdo, de mulheres tontas e incapazes de raciocinar ou pensar".
Tola pediu que os novos anúncios na cidade capitolina mostrem que os homens também cozinham e cuidam dos filhos e a possibilidade de viver fora dos papéis tradicionais.
Mais pedidos fez a presidente da Casa Internacional de Mulheres de Roma, Francesca Koch, que qualificou de "oportuna" a iniciativa e celebrou a adesão da prefeitura de Roma.
Em declarações à Agência Efe, Koch solicitou à Administração que resolva o problema da falta de trabalho, "a principal negação dos direitos das mulheres", porque o emprego é "a base da dignidade pessoal" e carecer dele é "erradicar a cidadania feminina". EFE
 
 

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