Quem você pensa que é para me julgar?


 Editora Globo
LULI RADFAHRER é Ph.D. em comunicação digital na ECA-USP, onde dá aula há mais de dez anos. Trabalha com internet desde 1994 e já passou por (e fundou) várias empresas da área
 
 
 
O Facebook está cada dia mais próximo de uma aldeia global. Infelizmente está mais para aldeia do que para global. Pouco importa a capacidade da rede de conectar pessoas e ideias ao redor do mundo, boa parte do tempo empenhado ali é desperdiçada em fofocas e linchamentos públicos.

Os covardes estão cada vez mais valentes no mundo digital. Protegidos (ou melhor, escondidos) das consequências de uma verdadeira interação social, estimulados a dizer a primeira coisa que lhes passar pela cabeça e apoiados pelo reforço de um grupo intolerante e fofoqueiro que parece não ter mais nada a fazer, eles não economizam deboches, insultos e humilhações variadas.

Praticamente não há dia sem julgamento. É o blog da babá, a mulher que transou na praia, a apresentadora de TV acima do peso... Como velhas fofoqueiras debruçadas em suas janelas a vigiar o que acontece na praça, pessoas modernas, informadas, aparentemente bem-educadas, conscientes e esclarecidas, por falta de assunto nas mídias sociais, não perdem uma oportunidade para crucificar o próximo.

O diferente é alvo de ataques e repetidas humilhações ou depreciações feitas por aqueles que buscam a popularidade e o reconhecimento à base de intolerância. Chame a agressão de bullying, stalking ou assédio, pouco importa. No espetáculo das redes, todos fazem o papel de espectador — e, como no Big Brother, se dedicam ao voyeurismo do grotesco, que seja para reclamar de sua repugnância. Quase ninguém sai em defesa da vítima. A maioria age como uma plateia ou torcida.


Editora Globo
O resultado é triste: ao transformar todo mundo em celebridade e todo perfil em palco, as redes que chamamos de sociais deixam seus usuários cada vez mais sós, intolerantes e mimados, enclausurados em seus reinos unitários, ranzinzas como velhas bruxas, cheios de “amigos” mantidos a uma cuidadosa distância.

Ao interagir com o mundo por interfaces, aos poucos perde-se a capacidade de compreender o outro, de tentar imaginar seu ponto de vista. Quem se isola e se deixa moldar pelo grupo que frequenta acaba por perder a identidade e se tornar um zumbi, preso ao brilho das múltiplas telas, escrevendo qualquer coisa para mostrar que está vivo, esperando ansiosamente por resposta.

A tecnologia, não se pode esquecer, é só uma ferramenta. É o uso que se faz dela que traz o seu verdadeiro valor. Quando as pessoas com quem se convive são reduzidas a uma foto e um conjunto de linhas de texto, fica muito mais fácil atacá-las, ignorá-las, julgá-las. Ou esquecê-las
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI334187-17774,00-QUEM+VOCE+PENSA+QUE+E+PARA+ME+JULGAR.html

e voce o que pensa ????
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