Silicone adulterado pode virar bomba relógio




Sul Fluminense



No último dia 13, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que o Sistema Único de Saúde (SUS) faça a remoção e a troca das próteses rompidas da marca francesa PIP e holandesa Rofil. A mesma decisão vale para os planos de saúde, que terão de oferecer cobertura total às pacientes. Autoridades francesas descobriram que as próteses possuem silicone industrial, o que provoca um maior índice de rompimentos e coloca em risco a saúde das pacientes que possuem o implante.
A produção desta reportagem contou com o auxílio dos internautas, que colaboraram sugerindo personagens, expondo opiniões e relatos através do espaço para comentários no site do DIÁRIO DO VALE.

A empresa PIP (Poly Implant Prothese) teve seu registro cancelado em 2010 quando as denúncias de fraude foram investigadas pelas autoridades francesas. A decisão de cancelar o registro da Rofil no Brasil partiu depois da constatação de que a empresa teria comprado material da PIP para fabricação de implantes de silicone. No Brasil, cerca de 25 mil próteses teriam sido utilizadas. Pelo menos 300 mulheres da região fizeram a cirurgia de aumento dos seios com o implante da marca francesa. E esses dados são de procedimentos feitos por apenas um médico, o cirurgião plástico Ozório Chaves. Ele informou quem vem fazendo um levantamento para obter esse número exato. O cirurgião contou que muitas de suas pacientes o procuraram para saber se há algo de errado com as próteses, e que tem tentado entrar em contato com as demais. O médico acredita que o ideal é que todos os implantes que apresentam maior risco de rompimento sejam removidos.
- A minha posição é que essas próteses sejam removidas e substituídas independente da ruptura ou não, pois a partir do momento que a paciente sabe que tem algo no seu corpo que pode fazer mal a qualquer momento, isso mexe com seu psicológico. Seria uma ação preventiva retirar a prótese antes que ela rompa e cause um problema maior. A Anvisa e a ANS, porém, viram que o mais grave é quando a prótese se rompe, e o tratamento tem que ocorrer de imediato - disse, acrescentando que ainda não ficou claro sobre que tipo de material foi utilizado para aumentar o volume das próteses. Para o cirurgião, deveria haver um estudo do mal que esse produto faz ao entrar em contato com o organismo diretamente.

- Ainda não há como precisar o tipo de mal que a ruptura de uma dessas próteses pode causar em contato direto com o corpo. Quando a prótese está íntegra não existe contato direto porque há uma cápsula própria do implante que envolve a prótese e impede o contato direto do silicone. Quando essa prótese está íntegra o paciente não corre nenhum risco. Como na PIP a incidência de rompimento é maior do que as outras, o paciente tem que ser observado mais de perto e terá que fazer ultrassom e ressonância magnética com mais frequência para ter isso bem monitorado - explicou, acrescentando que a proibição da marca no Brasil pegou a todos de surpresa, por se tratar de uma empresa que era referência na área e que todos os implantes, independente da marca, estão sujeitos ao rompimento, pois ao longo dos anos a cápsula protetora vai se tornando menos resistente.

Fernanda Sayão

Má qualidade: por conta do silicone industrial a protese
da marca PIP rompe com maior facilidade.
Anvisa divulga diretrizes
Na última quinta-feira, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou uma série de diretrizes e orientações sobre a retirada e substituição das próteses que só serão realizadas tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde diante de rompimento dos implantes. A agência informa que todas as pacientes com histórico de câncer serão submetidas à troca em cirurgia reparadora da mama. Porém, nos demais casos - ou seja, pacientes sem diagnóstico ou histórico de câncer de mama - os resultados dos exames físicos e de imagem é que indicarão a necessidade ou não de troca dos implantes mamários.
A agência ainda acrescenta que o procedimento de troca na rede pública deverá ser realizado, a princípio, pelo serviço de referência onde o procedimento inicial ocorreu. Em caráter excepcional, os pacientes que estiverem distantes do médico ou do estabelecimento que realizaram o implante poderão procurar um serviço de saúde ou um Centro de Especialidades do SUS mais próximo para avaliação e o devido encaminhamento. Na saúde suplementar, as operadoras de planos de saúde indicarão os serviços da rede credenciada, cooperada ou referenciada. O órgão comunicou que as diretrizes estarão sujeitas a alterações de acordo com nota técnica ou novas evidências.
A Anvisa orienta as pacientes que não conhecem o fabricante ou que não possuem mais o cartão que identifica a prótese utilizada no procedimento cirúrgico a procurarem se certificar da marca das próteses utilizadas. Se for detectado que se trata do silicone da PIP ou Rofil, exames para verificação de ruptura com o cirurgião responsável pelo procedimento deverão ser realizados. Caso a paciente não encontre o responsável pelo implante, deverá procurar o hospital onde a cirurgia foi feita e solicitar as informações do prontuário médico (disponível aos pacientes por até 20 anos).



Sem finalidade estética

Em Volta Redonda, a operadora de planos de saúde Unimed informou que apoia qualquer decisão tomada e que comprovadamente representam benefícios em saúde e qualidade de vida das pessoas, mas frisa que somente as mulheres com próteses de silicone das marcas PIP ou Rofil rompidas poderão fazer a retirada do implante com os custos cobertos pelos planos de saúde. No entanto, a colocação de um novo implante só terá cobertura das operadoras para mulheres que haviam se submetido a uma cirurgia de reconstrução da mama, indicada em casos de lesões traumáticas ou tumores, portanto, sem finalidade estética.
- A nossa única preocupação é que qualquer ampliação de cobertura dos planos de saúde leva ao aumento dos custos com a assistência médica, sem contrapartida financeira. Isso pode resultar em riscos para a atividade - disse Luiz Paulo Tostes Coimbra, presidente da Unimed Volta Redonda.
Procura por procedimento é grande na região

De acordo com o cirurgião plástico Ozório Chaves a procura por pacientes para fazer a cirurgia de aumento dos seios aumentou bastante nos últimos cinco anos - superando a lipoaspiração, antes classificada como o procedimento mais comum - e atualmente é equivalente a um terço de todos os procedimentos cirúrgicos que ele realiza. O médico ainda afirma que somente após o caso dos implantes adulterados as pacientes passaram a questionar mais sobre a procedência do silicone.



- Há alguns anos atrás o implante de silicone mamário representava apenas 20% dos meus procedimentos cirúrgicos. Hoje em dia é uma cirurgia muito procurada, pois são raras as complicações, as cicatrizes são pequenas e resultado estético é muito bonito. Sem contar que a anestesia é local e muitas vezes a mulher não precisa sequer ficar internada. E a recuperação é moderada, sem repouso absoluto e com duas semanas, normalmente, a paciente está voltando as suas rotinas diárias - falou.
O cirurgião afirma que hoje a variedade da idade das mulheres que o procuram para o procedimento é muito grande. São pacientes de 15 a mais de 60 anos. O médico afirma que o ideal é que a mulher já tenha atingido a maturidade. Chaves acrescenta que a idade mais comum é por volta dos 20 anos, e aconselha as mulheres que desejam engravidar logo a terminar a gestação para depois fazer o implante, pois durante e depois da gravidez os seios da mulher sofrem alterações. O especialista ainda esclareceu uma dúvida que aflige muitas mulheres na hora de optar pelo procedimento: a relação do câncer com as próteses de silicone.
- Essa teoria caiu por terra. A utilização de próteses de silicone foi proibida nos Estados Unidos em 1991 e, consequentemente, houve algumas limitações aqui no Brasil, pois não havia nenhum estudo que mostrasse a relação do câncer de mama com as próteses. Mas ao longo dos anos foram divulgados vários trabalhos mostrando que a incidência do câncer em mulheres com e sem o implante era a mesma. Para se ter uma idéia, a investigação do câncer se dá da mesma forma. A mulher coloca a prótese e continua essa investigação como antes. A única diferença é que a paciente tem que alertar a pessoa que for fazer o exame sobre a prótese durante a mamografia, já que a técnica utilizada é diferente - explicou. Ainda não foi encontrada relação entre o rompimento das próteses PIP ou Rofil e a incidência de câncer

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Fonte: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/4,51747,Silicone%20adulterado%20pode%20virar%20bomba%20relogio.html#axzz1kAuiSCsn acesso em 22 de janeiro

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