Alemanha quer proibir cirurgias plásticas em crianças e adolescentes

Alemanha quer proibir cirurgias plásticas em crianças e adolescentes




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        O governo alemão quer banir as intervenções puramente estéticas. Pressionados pelos padrões de beleza, jovens procuram fazer correcções em partes do corpo como nas orelhas e ao nariz.



        Jakob tem 15 anos e quer ser submetido a uma cirurgia plástica ao nariz. Acompanhado da mãe, do irmão e de uma assistente social, ele procura ajuda numa clínica particular de Bona, no leste da Alemanha.

        «Eu acho que o meu nariz é muito grande. Estive num hospital no ano passado, mas os médicos não quiseram operar porque eu era demasiado novo», explica. «Eu ainda não sou maior de idade, mas sofro com o meu nariz. Por isso, tenho a certeza que aqui eles vão ajudar.»

        O desejo de Jakob encaixa-se num debate em curso na Alemanha. O nariz dele funciona perfeitamente, ou seja, uma intervenção cirúrgica não é necessária. Mas ele sofre psicologicamente, não se sente bem e sente-se incomodado com a sua aparência.
        Em casos assim, o cirurgião plástico deve analisar com cuidado se faz ou não o tão desejado procedimento. «Os limites são ténues, mas cabe ao médico, juntamente com o paciente e a sua família, avaliar o quanto o jovem sofre», explica o cirurgião plástico Siepe.
        Segundo ele, deve haver um claro desvio dos padrões normais. O médico afirma que não operaria um jovem que se diz insatisfeito, embora tenha um nariz perfeitamente normal – ele sequer consideraria casos de pacientes que querem a correcção apenas por detalhes estéticos. «Não conheço nenhum cirurgião plástico que faria uma intervenção dessas num menor de idade», reforça.

        Segundo ele, casos de jovens que pedem uma cirurgia plástica de presente de aniversário ou de Natal são raros na Alemanha.
        Mas especialistas em saúde dos partidos políticos que formam o governo alemão – União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU) e Partido Social-Democrata (SPD) – vêem a situação de outra forma. Eles querem proibir as cirurgias plásticas desnecessárias sob o ponto de vista médico ou psicológico.
        Hoje basta o consentimento dos pais ou responsáveis para qualquer tipo de intervenção, até mesmo operações complexas, como o aumento dos seios ou lipoaspiração.
        A nova lei deve, porém, permitir a intervenção cirúrgica quando há, de facto, necessidade por razões médicas. Isso inclui também os jovens que sofrem um forte abalo psicológico por serem alvo de brincadeiras no colégio em razão das suas características físicas, como um nariz ou orelhas grandes.
        Para o médico Kerstin von Ark, da Sociedade Alemã de Cirurgiões Plásticos, Reconstrutores e Estéticos (DGPRÄC, na sigla em alemão), os políticos exageram a real dimensão do problema ao afirmar que 10% das cirurgias plásticas na Alemanha são realizadas em menores de idade. Segundo Von Ark, esse número seria de apenas 1%. Na maioria dos casos, as cirurgias são realizadas em pacientes que se queixam do tamanho das orelhas.
        Se uma nova regulamentação for aprovada, esses pacientes precisarão de uma avaliação psicológica para que possam ser submetidos a uma cirurgia, acredita Von Ark. «Para os cirurgiões, a nova lei terá pouca relevância», explica a porta-voz da DGPRÄC. «Mas o paciente terá mais um obstáculo para superar.»
        http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=680097

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