Ditadura da beleza: mais de 30 mil cirurgias plásticas devem ser realizadas no Estado até o final do ano


Jheniffer Sodré (redacao@eshoje.com.br)/ Foto: Vinícius Grativol

Depois do episódio trágico da morte da jovem Ana Carolina Barreto do Prado, de 23 anos, na última quarta-feira (04), após ter feito uma cirurgia de implante de silicone e uma lipoaspiração, os debates em torno da temática voltam a ganhar destaque, ainda mais devido à famosa “ditadura da beleza” e a busca pelo “corpo perfeito”. O número de cirurgias plásticas realizadas no Brasil tem um índice constante de crescimento, registrando de 12 a 15% ao ano.



No Espírito Santo, segundo o presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Ariosto Santos, a realidade acompanha as tendências nacionais e espera-se que até o final deste ano sejam realizadas mais de 30 mil cirurgias plásticas, enquanto que, no Brasil, esse número deva chegar a um milhão. Os procedimentos mais procurados pelos pacientes são o implante da prótese de silicone, a lipoaspiração, as mamoplastias (diminuição ou levantamento) e a abdominoplastia.



As mulheres representam 85% das pessoas que se submetem a uma cirurgia plástica, mas o número de homens tem crescido. “O público masculino está buscando cada vez mais por procedimentos estéticos. Há 100 anos, eles representavam apenas 3% do total de pacientes que faziam cirurgias plásticas”, informa Ariosto Santos. A faixa etária mais comum entre os pacientes é entre 25 a 40 anos, mas o índice de adolescentes tem aumentando e hoje chega a 13%.



“Neste período de inverno e férias escolares, os adolescentes representam 30% de toda a demanda por cirurgias plásticas”, destaca o médico. Ainda segundo ele, a inconformidade com o corpo é bastante frequente nessa etapa da vida e por isso a procura tem sido cada vez maior. Ariosto Santos alerta, no entanto, que é preciso ter uma atenção maior com os adolescentes, porque algumas cirurgias devem respeitar a idade mínima, como é o caso dos implantes de silicone, que só podem ser colocados depois dos 16 anos.



Modelo da sociedade de consumo

A psicóloga Maria Ângela Moura Rodrigues esse aumento do número de adolescentes que desejam fazer cirurgias plásticas é consequência do modelo de sociedade de consumo em que vivemos. “Eu vejo a cirurgia plástica como um produto à venda que promete a felicidade para eu consumidor”. Para ela, a cirurgia estética em menores de 18 anos é algo precoce e que deve ser bem avaliada, pois o corpo ainda está passando por mudanças.



Fazer uma “lipo” não é como ir ao cabeleireiro

O cirurgião Ariosto Santos reclama que o procedimento de lipoaspiração acabou se vulgarizando com o passar do tempo. “As pessoas acham que fazer uma ‘lipo’ é como ir ao salão de beleza. E não é. A lipoaspiração é uma cirurgia como outra qualquer e por isso mesmo envolve riscos como qualquer outro procedimento cirúrgico”, explica o profissional. Ele também lembra que a lipoaspiração não em um processo emagrecedor e que existe um limite de gordura que pode ser retirado.



“Se a pessoa quer emagrecer, ela deve fazer uma reeducação alimentar e investir em exercícios físicos. Não adianta fazer uma ‘lipo’ porque o resultado não será satisfatório e o paciente vai ficar frustrado”. Ariosto Santos alerta que é importante a pessoa perceber que o problema de estar acima do peso deve ser resolvido com a alimentação, e não com cirurgia plástica. “Se os hábitos de vida não mudarem depois da lipoaspiração, a pessoa vai jogar dinheiro do lixo”, garante.



Mães são as campeãs em cirurgias plásticas

O cirurgião plástico, Renato Tatagiba, conta que mais de 80% das pacientes que vão ao seu consultório são mães que estão insatisfeitas com as mudanças no corpo causadas pela gravidez. “A maioria das minhas pacientes são mães que acabaram de ter filho e que buscam resgatar o corpo que tinham antes da gestação”. O médico ressalta que muitas mulheres sentem-se mal devido às mudanças, mas ele lembra que é normal acontecerem algumas alterações no corpo.



“Embora seja muito gratificante, a gravidez exige muito da mulher e traz muitas mudanças para seu corpo. Algumas mulheres não engordam muito, mas outras ganham muito peso e a mama perde sua rigidez, por isso é grande o número de mães que querem ter o abdômen e os seios como eram antes da gestação”, afirma o cirurgião.



Elas operaram e aprovaram

Em novembro do ano passado, a professora de matemática Rita de Cássia Guarnier fez duas cirurgias plásticas: a de abdominoplastia e de implantação de prótese de silicone nos seios. O que a motivou a enfrentar um procedimento cirúrgico foram as consequências que seu corpo sofreu após uma gravidez. “Mesmo sendo magra, não sai ilesa de uma gestação. Fiquei com a barriga cheia de estrias e com os seis flácidos e cheios de pele”.



A professora conta que ficou satisfeita com o resultado da cirurgia e que a recuperação foi bem tranquila. “O sucesso de uma plástica depende do médico e do paciente, porque se a gente não seguir todas as indicações do cirurgião, como usar cinta, trocar os curativos e fazer drenagem, o resultado não será bom”, afirma. O que Rita não esperava era engravidar de novo depois de seis meses de sua cirurgia.



“Em maio, quando descobri, eu não sabia se chorava de alegria ou de tristeza”. Ela explica que não é recomendável engravidar logo depois de uma cirurgia. “O cirurgião já me alertou que minha barriga não vai ficar normal como a das outras grávidas, ela vai ficar meio quadrada, pois vai crescer pelos lados”. Já em relação a amamentação, Rita diz que vai conseguir amamentar, mas pode ser que ela produza menos leite que o normal.



A educadora física, Pavilla Cris Lamego Silva (foto), também se submeteu às cirurgias plásticas após uma gravidez, mesmo tendo cuidado da alimentação e feito exercícios físicos. “Como sou professora de ginástica, eu não podia descuidar, e por isso acabei engordando apenas quatro quilos”. Mesmo com as poucas mudanças ocasionadas pela gravidez, Pavilla precisou recorrer à cirurgia plástica para corrigir as alterações nos seios. “Amamentei por quase dois anos e já tinha uma tendência genética de acumular muita pele na região das mamas, por isso acabei colocando silicone, pois só com exercícios não teria como resolver o problema”, destaca.



Os cuidados antes e depois da cirurgia

Por se tratarem de procedimentos que envolvem alguns riscos para a saudade para os pacientes, as cirurgias plásticas, assim como outras cirurgias, exigem algumas atenções das pessoas que vai enfrentar a sala de operações:



HOSPITAL: é importante que o paciente procure por um médico cadastrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e uma clínica ou um hospital apropriado para realizar o procedimento cirúrgico.



EXAMES: além disso, é fundamental que o paciente realize todos os exames pedidos por seu cirurgião, e que busque um anestesiologista para fazer uma consulta pré-anestésica. “O paciente precisa ser franco com seu médico e não omitir nenhuma informação, pois isso pode acabar gerando mais riscos durante a cirurgia”, ressalta.



MEDICAMENTOS: antes de qualquer cirurgia, o uso de qualquer medicamento deve ser suspenso. “Aquelas pessoas que são hipertensas, por exemplo, devem procurar seu médico para que ele autorize o procedimento cirúrgico”, frisa o cirurgião.



PÓS-CIRURGIA: depois da cirurgia plástica, os cuidados continuam, e o paciente tem que seguir todas as orientações à risca para que o resultado seja o esperado. Os pacientes devem respeitar o repouso, o uso da cinta e as sessões de drenagem linfática, quando necessárias, para que a plástica seja um sucesso. “Cirurgia plástica não é brincadeira e para que seja segura é preciso ser respeitada”, alerta Ariosto Santos.
http://eshoje.jor.br/ditadura-da-beleza-mais-de-30-mil-cirurgias-plasticas-devem-ser-realizadas-no-estado-ate-o-final-do-ano.html

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