rasil vira referência em cirurgia plástica após incêndio em circo que matou mais de 500, diz Ivo Pitanguy

Liderados por Pitanguy, médicos de Niterói trataram centenas de feridos na tragédia



.Carlyle Jr., do R7
17/12/2011 às 05h32
Às vésperas do Natal de 1961, um incêndio de grandes proporções atingiu o Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, então capital do Estado do Rio de Janeiro. As primeiras informações que chegavam pelo rádio davam conta de que centenas de pessoas haviam ficado feridas na tragédia, que completa 50 anos neste sábado (17). Sem saber as reais dimensões do desastre, um jovem cirurgião plástico pegou seu barco e atravessou a baía de Guanabara (ainda não existia a ponte Rio-Niterói) para ajudar as vítimas. Aos 35 anos, Ivo Pitanguy estava diante daquele que seria o maior desafio de sua elogiada carreira.



Fotos: relembre em imagens o incêndio no circo em Niterói



Em chamas, a lona do circo, que era feita de material altamente inflamável, se desmanchou em gotas de fogo sobre uma plateia de mais de 3.000 espectadores, a maioria crianças. Liderado por Pitanguy, um mutirão de médicos de Niterói e até da Argentina tratava os feridos que se enfileiravam nas clínicas e hospitais da região.


Eu pude ajudar porque eu já tinha criado um serviço de tratamento de queimados no pronto-socorro e, depois, tinha passado o tratamento de sequelas de queimaduras para a Santa Casa [de Misericórdia]. Eu tinha um grupo de alunos e médicos recém-formados em cirurgia geral e com um bom conhecimento em cirurgia plástica. Nós montamos um time, que eu tive a sorte de poder liderar.



O saldo final tragédia foi de mais de 500 mortos, cerca de 600 feridos e 120 mutilados. Pitanguy diz que era impossível conter a emoção diante da morte de tantas pessoas.



- Nós ficávamos emocionados ao ver crianças feridas chorando de dor. Tinham aquelas pessoas que pareciam que iam morrer e sobreviviam. Nós acreditávamos demais na recuperação de algumas pessoas, que não resistiam e morriam em seguida.



A emoção também tomou conta do então presidente da República João Goulart, o Jango, que chorou durante visita aos feridos. Pitanguy recorda a onda de solidariedade que se formou após a tragédia.



- Uma vez, um homem chegou com um caminhão cheio de folhas de bananeiras, porque as pessoas acreditavam que aquilo poderia ajudar. No momento da tragédia, movidas pela emoção, as pessoas querem ajudar de qualquer maneira. Nós não usamos as folhas, é claro, mas eu lembro que desci até a portaria para agradecer o gesto de solidariedade.



Cirurgia plástica além da estética



Para Pitanguy, apesar de traumático e doloroso, o incêndio do Gran Circo Norte-Americano ajudou a desenvolver a cirurgia plástica no Brasil.



- Os brasileiros aprenderam a respeitar a cirurgia plástica como um ramo importante da medicina. Antes, existia aquela ideia ligada só a estética. Nós recebemos pele da Marinha dos Estados Unidos para fazer o enxerto dos queimados mais graves. Isso era algo novo para a cirurgia plástica brasileira. Fizemos um bom trabalho, viramos referência.



Autor do livro O espetáculo mais triste da terra (Companhia da Letras), que resgata a história do incêndio, o jornalista Mauro Ventura lembra que o prestígio de Pitanguy atraiu a doação de remédios e de outros materiais usados no tratamento das vítimas. No entanto, segundo Mauro, a liderança do cirurgião plástico nesse episódio acabou por lançar sombra sobre o trabalho de muitos médicos nesses 50 anos.



- Pitanguy teve uma participação muito importante, seja porque todos os cirurgiões plásticos tinham sido formados por ele ou porque atraía a atenção das autoridades para o problema. Mas os médicos de Niterói passaram mais de um ano atendendo diretamente as vítimas e nunca tiveram reconhecimento algum.


fonte: http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/brasil-vira-referencia-em-cirurgia-plastica-apos-incendio-em-circo-que-matou-mais-de-500-diz-ivo-pitanguy-21001209.html acesso em 25 de dezembro




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