Saiba identificar se seu filho sofre de transtorno alimentar
Anorexia, bulimia e compulsão alimentar são as doenças mais comuns em jovens; conheça sinais e veja como ajudar
DO IG DELAS
Para muitas pessoas apenas os adolescentes mais gordinhos têm transtornos alimentares. Mas essa impressão está equivocada. Os mais esguios, que se preocupam sempre em comer porções pequenas e não faltam a uma aula sequer na academia são, sim, vulneráveis ao problema.
Os transtornos mais comuns são a anorexia, bulimia e a compulsão alimentar, e eles atingem principalmente as meninas. Fábia Costa, professora do curso de Nutrição da Faculdade Newton Paiva, em Belo Horizonte (MG), explica cada um deles: a anorexia consiste em ter fome e vontade de comer, mas devido à pressão social pelo corpo perfeito, a pessoa come pouco para evitar o ganho calórico; na bulimia, ela come, come e depois vomita o alimento; já a compulsão alimentar impulsiona a pessoa a comer em excesso, sem ser capaz de perceber quando a fome já foi saciada.
Mas nem todo adolescente “bom de garfo” ou frequentador de academia sofre de algum transtorno alimentar. É a observação atenta dos pais que vai ajudar a distinguir o limite entre o saudável e a doença.
Sintomas
Ana Maria Roma, nutricionista especialista em transtorno alimentar do Proata (Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), aponta que o jovem que “evita alimentos de forma sistemática; não quer participar das refeições em família, preferindo comer sempre sozinho; começa a se vestir com roupas muito largas de modo a esconder o próprio corpo; passa muito tempo isolado ou tem dificuldades na escola e com os amigos” merece esse olhar analítico.
Além desses sintomas, Fábia cita como sinais de altera: falta inesperada de alimentos da geladeira, causada por ‘assaltos’ noturnos; perda de cabelo (chegando a provocar falhas), um problema causado pelo déficit acentuado de proteína no organismo; ausência de menstruação nas meninas e fadiga e baixa resistência, causadas pelo pouco consumo de zinco e magnésio.
Fatores como a pressão social por um corpo magro, autocrítica elevada, timidez excessiva, baixa autoestima, quadro de ansiedade ou depressão e eventos estressores como separação dos pais, entre outros, podem combinar-se na origem dos transtornos alimentares.
“É sempre uma associação de fatores. Por exemplo, há a menina que está em um momento de mudança de cidade ou escola, precisa fazer amigos novos, passa por dificuldades para socializar, tem autoestima muito baixa e daí ela se volta mais para o corpo”, observa Fábia.
Rosto bonito
A advogada Rute da Silva, hoje com 35 anos, começou a tomar anfetaminas para emagrecer aos 12. Desde criança e cada vez mais conforme chegava à pré-adolescência, se ressentia de pessoas que comentavam que era “uma pena uma garota com o rosto tão bonito ter aquele corpo”. A dica veio de uma amiga que mostrou o remédio que a tia usava, alertando sobre efeitos colaterais como boca seca e tonturas.
Entre os 15 e os 16 anos, ela alcançou 70 kg e se autoimpôs um teto de calorias diário – para não extrapolar a meta, vomitava o “excesso”.
“Coloquei na cabeça que eu tinha que consumir 800 calorias por dia. Tudo que ingeria, eu somava o índice calórico. Tinha já quase a minha altura de hoje, 1,68m, e pesava 70 kg. Em poucos meses perdi cerca de 25 quilos. Cheguei a um ponto de vomitar quatro a cinco vezes por dia”, lembra Rute.
Ser elogiada pelo sucesso da dieta fazia com que ela se sentisse estimulada a continuar a rotina de comer e depois forçar o vômito. Embora nunca tenha atingido níveis extremos de magreza, ela perdeu cabelo, o pique para estudar e mesmo o ânimo para se divertir.
“Já fiquei o período inteiro das férias escolares em casa porque eu não me achava digna de ser vista na rua”, lembra. Os pais de Rute nunca souberam da doença da filha.
“Ainda me incomoda ser gorda, mas aprendi a me aceitar”, analisa ela. Até hoje Rute luta para não recair na bulimia e faz reeducação alimentar com o acompanhamento de uma nutricionista.
Evitar alimentos de forma sistemática e não querer participar das refeições em família são sintomas de alerta para transtornos alimentares
A família
Ana Maria recomenda aos pais que identificarem esses sinais nos filhos que mostrem de maneira aberta sua preocupação e demonstrem que eles estão atentos e prontos para intervir o quanto antes. Já Fábia aconselha que também haja de pronto uma reelaboração da dispensa familiar.
“A criança ou adolescente tem acesso aos alimentos da casa, então, os pais têm que pensar no que estão ofertando”.
Ela lembra que os pais têm participação efetiva nas escolhas alimentares dos filhos.
“Tem refrigerante e não tem suco? Desse jeito, como o pai ou a mãe quer que a adolescente não consuma a bebida? Além disso, é preciso ter regras como horário para as refeições e não comer na frente do computador. Os familiares também não devem premiar ou punir o comportamento da adolescente por meio dos alimentos. E evitar comparações entre o corpo do filho com o de outras pessoas”, ensina Fábia.
Como tratar
De acordo com Fábia e Ana Maria, quando o tratamento se revela necessário, uma equipe multidisciplinar trabalha pela melhora do jovem: clínico geral, nutricionista, endocrinologista, psiquiatra e psicólogo podem atuar juntos com o objetivo de promover a reeducação alimentar e o bem-estar emocional do adolescente.
Vale destacar que esse tipo de tratamento também é oferecido pela rede pública de saúde – os pais podem ser informar melhor por meio do site do Proata ou junto ao serviço de saúde de sua cidade.
Os transtornos mais comuns são a anorexia, bulimia e a compulsão alimentar, e eles atingem principalmente as meninas. Fábia Costa, professora do curso de Nutrição da Faculdade Newton Paiva, em Belo Horizonte (MG), explica cada um deles: a anorexia consiste em ter fome e vontade de comer, mas devido à pressão social pelo corpo perfeito, a pessoa come pouco para evitar o ganho calórico; na bulimia, ela come, come e depois vomita o alimento; já a compulsão alimentar impulsiona a pessoa a comer em excesso, sem ser capaz de perceber quando a fome já foi saciada.
Mas nem todo adolescente “bom de garfo” ou frequentador de academia sofre de algum transtorno alimentar. É a observação atenta dos pais que vai ajudar a distinguir o limite entre o saudável e a doença.
Sintomas
Ana Maria Roma, nutricionista especialista em transtorno alimentar do Proata (Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), aponta que o jovem que “evita alimentos de forma sistemática; não quer participar das refeições em família, preferindo comer sempre sozinho; começa a se vestir com roupas muito largas de modo a esconder o próprio corpo; passa muito tempo isolado ou tem dificuldades na escola e com os amigos” merece esse olhar analítico.
Além desses sintomas, Fábia cita como sinais de altera: falta inesperada de alimentos da geladeira, causada por ‘assaltos’ noturnos; perda de cabelo (chegando a provocar falhas), um problema causado pelo déficit acentuado de proteína no organismo; ausência de menstruação nas meninas e fadiga e baixa resistência, causadas pelo pouco consumo de zinco e magnésio.
Fatores como a pressão social por um corpo magro, autocrítica elevada, timidez excessiva, baixa autoestima, quadro de ansiedade ou depressão e eventos estressores como separação dos pais, entre outros, podem combinar-se na origem dos transtornos alimentares.
“É sempre uma associação de fatores. Por exemplo, há a menina que está em um momento de mudança de cidade ou escola, precisa fazer amigos novos, passa por dificuldades para socializar, tem autoestima muito baixa e daí ela se volta mais para o corpo”, observa Fábia.
Rosto bonito
A advogada Rute da Silva, hoje com 35 anos, começou a tomar anfetaminas para emagrecer aos 12. Desde criança e cada vez mais conforme chegava à pré-adolescência, se ressentia de pessoas que comentavam que era “uma pena uma garota com o rosto tão bonito ter aquele corpo”. A dica veio de uma amiga que mostrou o remédio que a tia usava, alertando sobre efeitos colaterais como boca seca e tonturas.
Entre os 15 e os 16 anos, ela alcançou 70 kg e se autoimpôs um teto de calorias diário – para não extrapolar a meta, vomitava o “excesso”.
“Coloquei na cabeça que eu tinha que consumir 800 calorias por dia. Tudo que ingeria, eu somava o índice calórico. Tinha já quase a minha altura de hoje, 1,68m, e pesava 70 kg. Em poucos meses perdi cerca de 25 quilos. Cheguei a um ponto de vomitar quatro a cinco vezes por dia”, lembra Rute.
Ser elogiada pelo sucesso da dieta fazia com que ela se sentisse estimulada a continuar a rotina de comer e depois forçar o vômito. Embora nunca tenha atingido níveis extremos de magreza, ela perdeu cabelo, o pique para estudar e mesmo o ânimo para se divertir.
“Já fiquei o período inteiro das férias escolares em casa porque eu não me achava digna de ser vista na rua”, lembra. Os pais de Rute nunca souberam da doença da filha.
“Ainda me incomoda ser gorda, mas aprendi a me aceitar”, analisa ela. Até hoje Rute luta para não recair na bulimia e faz reeducação alimentar com o acompanhamento de uma nutricionista.
Evitar alimentos de forma sistemática e não querer participar das refeições em família são sintomas de alerta para transtornos alimentares
A família
Ana Maria recomenda aos pais que identificarem esses sinais nos filhos que mostrem de maneira aberta sua preocupação e demonstrem que eles estão atentos e prontos para intervir o quanto antes. Já Fábia aconselha que também haja de pronto uma reelaboração da dispensa familiar.
“A criança ou adolescente tem acesso aos alimentos da casa, então, os pais têm que pensar no que estão ofertando”.
Ela lembra que os pais têm participação efetiva nas escolhas alimentares dos filhos.
“Tem refrigerante e não tem suco? Desse jeito, como o pai ou a mãe quer que a adolescente não consuma a bebida? Além disso, é preciso ter regras como horário para as refeições e não comer na frente do computador. Os familiares também não devem premiar ou punir o comportamento da adolescente por meio dos alimentos. E evitar comparações entre o corpo do filho com o de outras pessoas”, ensina Fábia.
Como tratar
De acordo com Fábia e Ana Maria, quando o tratamento se revela necessário, uma equipe multidisciplinar trabalha pela melhora do jovem: clínico geral, nutricionista, endocrinologista, psiquiatra e psicólogo podem atuar juntos com o objetivo de promover a reeducação alimentar e o bem-estar emocional do adolescente.
Vale destacar que esse tipo de tratamento também é oferecido pela rede pública de saúde – os pais podem ser informar melhor por meio do site do Proata ou junto ao serviço de saúde de sua cidade.
fonte: http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=3&cid=212464 acesso em 11 de outubro de 2014
Comentários
Postar um comentário