Moda das plásticas e tatuagens: Entre padrão e bizarro
Moda das plásticas e tatuagens: Entre padrão e bizarro
DIÁRIO DA MANHÃ
JOÃO JOAQUIM
Um fenômeno ou comportamento que mexe com as pessoas é a tal da moda vigente. Nesses tempos de comunicação tão fácil e massificada, sobretudo de imagens como a TV e internet, como se muda as tendências das pessoas em seus hábitos, usos, pertences, vestimentas e tantas outras atitudes e uso dos mais variados objetos e bens nas rotinas diárias.
Diversos fatores são responsáveis pelas mudanças dos hábitos da sociedade. Um setor que tem grande interesse em ditar a moda vigente são as próprias indústrias dos objetos de desejo de todas as pessoas. Os fabricantes dos bens cobiçados estão sempre de plantão. Eles vão explorar este filão de clientes, usando de todo o marketing para vender os seus manufaturados.
“A propaganda é a alma do negócio”. Este princípio na relação fabricante/consumidor será a pedra filosofal na meta de convencer o cliente a comprar os produtos anunciados. Assim vai suceder com os mais variados objetos e bens de consumo. O discurso das indústrias é sempre este: todos têm que estar na moda. Não importa se o consumidor vá penhorar até a alma ou endividar por 50 ou 100 meses. Mas, todos deverão estar na tribo dos que vivem e andam na moda.
Os veículos de mídia visual como as redes de televisão e internet são os maiores responsáveis por imporem os padrões vigentes. Quando estes canais de comunicação anunciam é fatal, aquele comportamento entra na moda. Até as tatuagens e cirurgias plásticas seguem este apelo.
A televisão ainda conta com outros componentes para aliciar as pessoas ao consumo. Além dos slogans bem elaborados com artes audiovisuais, tem-se o recurso dos chamados garotos-propagandas. Quem são esses garotos ou garotas-propaganda? São os mais belos e charmosos atores e atrizes das telenovelas assistidas por milhões de pessoas. Sabe-se que a maioria das pessoas pode até ser analfabeta absoluta e funcional, mas assistir TV todas assistem. Então elas são alcançadas por esses meios de comunicação.
O mesmo vale para muitas pessoas com “bom nível de escolaridade”. Parcela significativa desta classe de gente pode até não dispor de uma biblioteca mínima em casa, mas ela sabe o que se passa na TV, quais são as novelas mais interessantes, os “reality shows” em andamento, quais atores (atrizes) mais badalados e por aí vai.
No Brasil um outro cenário que tem imposto sua moda é o mundo do futebol. São os jogadores com seus cortes de cabelo exóticos e cores mutantes ao sabor do sucesso pessoal ou de seus times, as roupas, os brincos e até os chavões criados nas entrevistas. E as tatuagens? “ Pelas barbas dos profetas”, diria um conhecido locutor que anda meio sumidão. Por onde você anda Silvio Luiz? As tatuagens, que mais parecem emporcalhar e enodoar a pele dos adeptos desses adereços pictóricos constituem um campo para análise de antropólogos e psicanalistas. Algum destes cientistas poderia nos dar uma luz das motivações e significados psíquicos para essas indeléveis pinturas cutâneas? Eu não consigo entender por que de tanta sujeira e lixo tegumentar.
Agora se tem uma moda que anda revolvendo a cabeça e corpo das pessoas se chama cirurgias plásticas ou estéticas. Aliás, hoje se tornou até difícil separar o que seja uma cirurgia reparadora, plástica ou estética. Quase ninguém está satisfeito com o corpo e órgãos com os quais nasceu. E aqui torno à grande influência exercida pela televisão com seu “staff” de atores e atrizes. No mundo televisivo ninguém aceita uma ruga, uma flacidez, uma estria, um bumbum ou seio fora dos padrões tidos como belos. Assim a plebe, o povão, ricos ou pobres têm que a todo custo seguir os modelos de beleza e de comportamento a que se assistem todos os dias. Nem que para tanto e tão caros procedimentos se financie estes sonhos e desejos de consumo em intermináveis e suadas prestações no cartão de crédito ou outros tipos de financiamento
Impossibilitas de participar da moda vigente, muitas pessoas se tornam angustiadas, deprimidas e neurotizadas; e para estas deformações do humor e do espírito ainda não criaram nenhuma cirurgia plástica ou estética ou tatuagem . Que feio, que triste!
http://www.dm.com.br/texto/181969
“Um setor que tem grande interesse em ditar a moda vigente são as próprias indústrias dos objetos de desejo de todas as pessoas. Os fabricantes dos bens cobiçados estão sempre de plantão. Eles vão explorar este filão de clientes, usando de todo o marketing para vender os seus manufaturados”
(João Joaquim, médico, cronista do DM, e-mail: joaomedicina.ufg@gmail.com)
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