Homens do Distrito Federal são os que mais fazem cirurgias plásticas estéticas no Brasil
O professor de musculação Nilton Júnior fez um procedimento de otoplastia para corrigir as orelhas que antes eram abertas demais
De acordo com Katia Tôrres Batista, presidente da SBCP-DF, há pouco tempo era raro ver um homem preocupado com a estética a ponto de buscar alternativas, incluindo as cirúrgicas, para melhorar a aparência. No entanto, nos últimos anos essa situação tornou-se comum nas clínicas credenciadas da capital federal.
Para ela, os homens sempre tiveram essa preocupação, mas até então preferiam esconder que tinham se submetido a algum tratamento estético. Agora, o número de homens que assumem que fizeram tratamentos cresceu expressivamente, em Brasília e em todo o Brasil.
— O número tem crescido consideravelmente. Eles fazem lipoaspiração, tratamentos para calvície, se submetem a cirurgias no abdômen e até colocam silicone no peitoral para dar uma aparência de mais forte.
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No entanto, Katia lembra as mulheres ainda dominam o mercado de estética da capital federal porque são "naturalmente bem mais vaidosas". Ela explicou que apesar de perder estatiscamente para as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o Distrito Federal não fica tão atrás porque tem uma procura do público feminino muito grande.
— Podemos dizer que para cada duas mulheres um homem do DF faz o procedimento, número superior em relação aos demais Estados brasileiros. Então a relação [entre mulheres e homens que fazem cirurgia] é praticamente o dobro ainda, mas a tendência é que isso fique equiparado daqui a algumas décadas. Antes eles nem faziam, agora é uma cena quase que rotineira. Na questão do público feminino, a gente perde para outros estados porque eles são bem maiores, mas em números reais estamos bem próximos.
O corpo é o principal cartão de visita
A psicanalista e especialista em comportamento humano Carla Manzi Muniz de Souza explica que essa preocupação pode refletir positivamente em todas as áreas da vida de um homem, desde que aconteça de forma natural e sem excessos. Ela tem um consultório na Asa Sul, área central de Brasília, e atua há quase 15 anos com o público masculino, que normalmente a procura por conta de medos ou dúvidas sobre a estética. Por conta disso, ela faz um alerta.
— O corpo é a melhor ferramenta de trabalho que existe e é o principal cartão de visita da pessoa. Se a aparência é boa, certamente o homem terá mais chances de conquistar um bom emprego e até mesmo um bom relacionamento. Mas é preciso cuidado, porque o excesso de cirurgias pode deixar a aparência feia, ao invés de bonita, e também pode causar danos irreversíveis ao corpo. O vício em cirurgias ou mania de perfeição também pode representar algum distúrbio que deve ser tratado.
O professor de musculação Nilton Junior, de 25 anos, optou por uma cirurgia estética, mas sem excessos. Ele trabalha como instrutor em uma academia do Sudoeste, região administrativa do DF, há quatro anos, e fez o procedimento de otoplastia, que corrige orelhas de abano, porque se incomodava com a aparência física no ambiente de trabalho.
Motivo de piada durante anos enquanto jovem, ele foi incentivado pelos seus superiores no começo do ano passado a fazer a operação. O objetivo de Nilton era melhorar a aparência diante dos alunos e de outros possíveis contatos profissionais. A cirurgia foi realizada há mais ou menos quatro meses e ele afirma que além de sentir muita melhora também percebeu bons resultados profissionais depois do procedimento.
— A aparência é tudo. É uma questão de valorizar o corpo e o usar como cartão de visita, uma referência. A primeira impressão é a que fica e isso pode abrir ou fechar portas. Minhas orelhas eram muito abertas e agora ficaram com uma aparência normal. Realmente mudou muito o meu rosto e o meu corpo. Ficou bem melhor do que era.
Riscos da cirurgia plástica
A presidente da SBCP-DF esclarece que a cirurgia plástica com objetivos estéticos envolve todos os riscos de qualquer outra intervenção cirúrgica e pode causar reações adversas à anestesia ou aos medicamentos. O paciente também deve estar ciente de que podem acontecer resultados insatisfatórios e é preciso se certificar se o médico tem experiência comprovada e registro na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para evitar erros e imperícias durante a operação.
— O cirurgião plástico deve ter, obrigatoriamente, pelo menos dois anos de formação em cirurgia geral e um ano em cirurgia plástica. É preciso verificar se ele tem registro e procurar referências confiáveis para evitar problemas futuros.
O MPU (Ministério Público da União) informou que recebe, em média, 500 denúncias de erro médico por ano, muitas relacionadas a cirurgias plásticas. O ministério também esclarece que esses procedimentos não são pagos pelos convênios e a rede pública não fornece esse tipo de serviço, o que coloca a responsabilidade totalmente na pessoa interessada, que deve ir atrás, pesquisar e procurar saber sobre a capacidade técnica dos médicos.
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