Um guia feminista para as princesas da Disney

capadisney

Um guia feminista para as princesas da Disney

Por - 13 jul, 2012 - 12:32
 
Depois que assisti Valente me peguei pensando sobre a grande tradição das princesas da Disney. Valente é um filme da Pixar e sua heroína, Merida, é uma feminista de conto de fadas. As princesas da Disney, em sua maioria, não são. Precisam sempre obedecer aos interesses do macho que amam; a maioria dos filmes termina com casamento ou noivado. Mas isso não significa que elas são igualmente submissas e retrógradas. Atualmente, na verdade, há um grupo que circula entre o terrível e o não tão ruim.
Agora, eu sei que analisar alguma coisa pelo ponto de vista feminino é problemático, como seu professor diria, mas me acompanhe na discussão desta causa. E para a gente não se deixar levar, eis as regras: sequências ou meio sequências não serão levadas em conta e todas as concorrentes devem ser oficialmente parte da rede de princesas da Disney, o tremendo marketing que é vendido para garotinhas de cinco anos ou quando elas começam a falar. Das menos para as mais feministas, eis as princesas da Disney:
10. Aurora, A Bela Adormecida

Os primeiros filmes da Disney eram sobre fábulas estranhas com um belo cenário e mulheres que não tomaram decisões por si mesmas; A Bela Adormecida é o ápice do gênero. Aurora não tem qualidades interessantes; ela é bonita, reservada e geralmente gential, daquele jeito que princesas são (por exemplo, com os animais). A ingenuidade de Aurora a leva direto para a armadilha de Malévola, e ela prontamente adormece pelo resto do filme, até que um homem aparece para acordá-la (e não da melhor forma para uma pessoa inconsciente).
9. Branca de Neve, Branca de Neve

Então, sobre aquela coisa de dormir… bem, Branca de Neve também convenientemente adormece durante boa parte do filme, e espera ser resgatada por um príncipe charmoso (e sem graça em todo o resto). Branca de Neve é um filme mais estranho que A Bela Adormecida, mas embora Branca tenha uma beleza mais cheia de personalidade, com o cabelinho preto curto e tal, ela não demonstra muita atitude ou coragem. Ainda assim, desbanca Aurora, porque quando ela corre chorando para uma cabaninha e a encontra habitada por sete homens pequenos, ela não enfia o rabo entre as pernas e foge. Pelo contrário, se enche de coragem e segue em frente, o que é impressionante se considerarmos que ela fala com pássaros.
8. Cinderela, Cinderela

Cinderela não descansa. Eu nunca entendi por que as crianças gostam desse filme, é um desastre atrás de outro – não só essa pobre garota é tipo escrava, mas aí tudo que ela tenta fazer com sua vida acaba dando errado. Enfim, Cinderela não tem muita chance de ser feminista, na realidade, ela é muito oprimida. Mas no fim ela tenta fazer sua vida de merda funciona – ela encontra o vestido da mãe e consegue arrumá-lo a tempo de ir ao baile, passando por vários obstáculos. Claro, ela ainda precisa ser resgatada por forças externas, então é difícil colocá-la numa posição tão alta.
7. Ariel, A Pequena Sereia

Na minha humilde opinião, A Pequena Sereia é o melhor filme da Disney, mas a Ariel não passa uma imagem forte de feminista. Sim, ela é destemida, impetuosa, impulsiva e aceita os riscos para conseguir o que quer. Mas por outro lado, o que ela quer é um cara que ela viu tocando flauta num barco por vinte segundos. E mais desgraçadamente, Ariel perde seu poder para o patriarcado, trocando sua voz – sua voz! – pela chance de ficar com o boy. Ou ela é muda ou não pode andar até o fim, quando seu pai garante sua liberdade. Ah, sim, e o tempo todo ela está vestindo um biquíni de conchas. Ela é a primeira princesa da Disney a não esmorecer ao primeiro sinal de perigo, e ela tem muita coragem, mas a mensagem que passa no geral não é de tanto progresso.
6. Bela, A Bela e a Fera

Bela é sempre citada como o padrão de princesa feminista da Disney, mas nunca ficou muito claro para mim porque ela se sai melhor que a Ariel. Seu maior feito pode ser que ao invés de abdicar de sua voz, ela voluntariamente se faz de prisioneira, mas esse não é um passo grande para as mulheres. Pelo menos ela é empoderada o suficiente para se arrepender de sua prisão. Bela se vinga bem e, ao contrário de Ariel, você tem a impressão que seu jogo de cintura não é fruto de rebeldia adolescente, mas de uma acuidade intelectual. Ela resiste às expectativas de seu vilarejo sobre o que fazer de sua vida; ela é a primeira princesa a expressar um ceticismo sobre a vida marital. Mas, ao fim de tudo, Bela se apaixona por um homem dominador, porque ela acredita que pode mudá-lo. Claro, você pode até achar que é amor, mas isso também pode ser descrito como Síndrome de Estocolmo.
5. Jasmine, Aladin

Eu me vesti de Jasmine para o Halloween por duas vezes, então sou um pouco tendenciosa. Mas Jasmine é realmente muito progressiva, pois, você sabe, uma princesa presa em um castelo. Como Belle, ela é cética em relação a casamento, e demonstra o mesma curiosidade. Jasmine também é muito corajosa em assuntos do coração, se apaixonando por um “rato de rua” completamente inadequado e o tirando da pobreza, em vez do contrário. Infelizmente, o poder de Jasmine só reside na sua sexualidade. No final do filme, ela está reduzida a seduzir Jafar para salvar sua vida. E embora as mulheres às vezes tenham isso no mundo real, é triste pensar em meninas pegando essa mensagem. Por outro lado, há pontos principais para, pelo menos, verbalmente recusar-se a ser tratada como objeto. “Eu não sou um prêmio a ser ganho”, diz.
4. Rapunzel, Rapunzel

Uma princesa corajosa nos moldes Ariel / Jasmine, Rapunzel tem sido trancada em uma torre (freudiano) por anos, e assim por sua ingenuidade e às vezes fica perdida no caminho de seu progressismo. Mas ela ainda é linda e foda. Ela é uma das poucas princesas da Disney que empunham uma arma (reconhecidamente, é uma frigideira, mas ainda assim) e ela é surpreendentemente engenhosa com os cabelos. Ela também reconhece a injustiça de sua situação e encontra um caminho para sair dela, vencendo sua “mãe”, que é de fato sua sequestradora, para se aventurar com o mundo exterior.
3. Tiana, A Princesa e o Sapo

Tiana passa a maior parte do filme como um sapo, mas ela é a princesa que começa um negócio, o que eu acho que é docemente maldito. Não só isso, mas é o que ela na cena de abertura – a chance de realizar seus sonhos e comandar o seu próprio restaurante. Eu também aprecio Tiana porque ela se apaixona por um pobre perdedor (embora na verdade seja um príncipe), subvertendo a ideia de que as meninas precisam ser salvas. Mas, então, Tiana puxa um ponto bastante típica princesa Disney dublê, onde ela tem que sacrificar algo que ela realmente se preocupa para o homem que ela ama. Ainda assim, ela finalmente abre o negócio e dá seu nome a ele. Só por isso ela tem classificação bastante elevada.
2. Pocahontas, Pocahontas

Pocahontas, o filme, é história muito ruim, mas Pocahontas, a personagem, é talvez a primeira princesa que podemos confortavelmente chamar de feminista. Pocahontas não precisa se poupar por ninguém. Na verdade, ela resgata a cara que ela ama, porque ela não está interessada em se casar com o cara que o pai dela quer que ela se casa ou para seguir um caminho definido. Ela tem outra vocação na vida que ela quer seguir. Curiosamente, ela é a primeira princesa que não termina com o homem que ela ama; seu destino é maior do que um homem e ela ainda termina com o cara com o grande discurso “não é você, é o meu caminho”. Pocahontas ama corajosamente, mesmo quando isso faz com que ela seja estranha, vulnerável e sozinha. Ela não tem medo de ser exposta, faz o que acredita e eu me sinto muito bem em deixar uma menina assistir a este filme, apesar de provavelmente ter que ler alguns Howard Zinn para o lhe dar um equilíbrio histórico.
1. Mulan, Mulan

Pocahontas é grande, mas ninguém ganha de Mulan. Ela é a única a desafiar abertamente os papéis de gênero de sua sociedade – e centímetro por centímetro, ela esculpe um lugar para si. Mulan salva praticamente todo mundo, repetidamente, incluindo vários homens – seu pai, o imperador, e o cara mais durão do exército. Ela também tem dois modelos femininos positivos – chocantes em uma franquia onde a maioria das figuras maternas ou são más ou mortas. A dobradinha feminista do filme é vista melhor em sua canção mais famosa, “I’ll Make A Man Out Of You” – uma linha inteligente, porque, naturalmente, Mulan não é e nunca vai ser um homem. Mas ela ainda faz isso. Mensagem: você pode ser uma mulher e ainda ser ágil como um rio que corre e ter toda a força de um tufão grande. Doce.
Do Nerve.

http://jezebel.uol.com.br/um-guia-feminista-para-as-princesas-da-disney/

EXCELENTE REFLEXÃO! GOSTARIA DE TER ESCRITO

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