DIA 21 DE OUTUBRO DE 1945
1945 - Mulheres votam pela primeira vez para a Assembleia francesa
Wikimedia Commons/Reprodução
Cartaz oficial anunciando marcha em Washington pelo voto feminino, em março de 1913
Em 21 de outubro de 1945, as mulheres francesas votam pela primeira vez na história de seu país para escolher os deputados da Assembleia Constituinte. Meses antes, em 20 de abril, já tinham votado nas eleições municipais. Em 1946, já constituiam 47% do eleitorado, tendo depositado majoritariamente seus votos nas forças conservadoras moderadas, manifestando-se bastante fieis ao general Charles de Gaulle, que as havia emancipado eleitoralmente.
O voto das francesas resultou de um decreto de 21 de abril de 1944 promulgado pelo governo provisório do general De Gaulle: ‘‘As mulheres são eleitoras e elegíveis nas mesmas condições que os homens’’. Já não era sem tempo. As francesas estavam entre as últimas mulheres do mundo ocidental a adquirir o direito de votar e de serem eleitas. No Brasil, as mulheres passaram a ter o direito de voto assegurado pelo Decreto n.° 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. A primeira mulher eleita deputada federal foi Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), que tomou posse em 1934 e participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte.
Nos primórdios da democracia francesa, no século XIX, o direito de voto estava reservado ao sexo masculino. Considerava-se que as mulheres, as domésticas e as pobres, devido a sua dependência econômica, não estavam em condições de exercer uma escolha livre.
Os militares também estavam excluídos do direito de votar, mas por outras razões – não se desejava que tomassem partido nas lutas políticas – e pelo fato de o o exército ter de respeitar o epíteto recebido de ‘‘O Grande Mudo’’.
Sabe-se que os primeiros votos femininos ocorreram na Córsega, no tempo em que a ilha estava sob a soberania genovesa: as mulheres votavam já no século XVI, nas assembleias locais, e seu direito foi confirmado pela Constituição de Pascal Paoli, em 1755. No entanto, foi abolida após a anexação francesa.
As primeiras mulheres a obter por inteiro o direito de voto foram os habitantes do território norte-americano de Wyoming, em 1869, seguidas pelas neozelandesas em 1893, as australianas em 1902, as finlandesas em 1906 e as norueguesas em 1913.
No Reino Unido, as reivindicações feministas assumem uma dimensão espetacular com a criação do movimento das sufragistas por Emeline Pankhurst, 45 anos, em 1903. Em 21 de junho de 1908, eram 250 mil a se manifestar no Hyde Park, Londres.
As manifestações se tornam violentas. Uma certa Emily Wilding Davison se atira sob as patas do cavalo do rei George V no derby de Epson, em 1913, e acaba morrendo em virtude dos ferimentos recebidos.
Foi necessário esperar o fim da I Guerra Mundial para que as ‘‘sufragetes’’ obtivessem uma meia-vitória. Em 28 de dezembro de 1918, com a outorga do direito de voto às mulheres com mais de 30 anos.
WikiCommons - Emmeline Pankhurst
É o início do movimento de emancipação mundial posto em marcha pelo papel ativo que desempenharam as mulheres na vida social durante a I Guerra Mundial. Como os homens estavam nas trincheiras combatendo, as mulheres tiveram de substituí-los no campo, nas fábricas e nos escritórios. Deram testemunho também de seu patriotismo como enfermeiras e auxiliares nos cuidados os feridos nos hospitais de campanha. Tudo aquilo, aos olhos dos homens, merecia recompensa.
Em 15 de julho de 1919, o próprio papa Bento XV se pronuncia a favor do direito de voto das mulheres. Nos Estados Unidos, a ratificação da 19ª Emenda à Constituição, em 26 de agosto de 1920, estende o voto ao conjunto das mulheres do país. As turcas obtêm o direito ao voto em 1934 por iniciativa do regime de Mustafá Kemal Ataturk.
Na França, após a I Guerra Mundial, a Câmara de Deputados votou por diversas vezes em favor do voto feminino. Mas seus projetos de lei foram por seis vezes rejeitados pelo Senado. Os motivos dos oponentes se deviam a preconceitos pessoais e ao temor de que as mulheres pudessem deixar de reforçar o campo conservador. A esquerda comunista e socialista temia em particular que as mulheres reforçassem o campo clerical e se submetessem às injunções dos padres.
Entretanto, as francesas não esperam pelo direito ao voto para ocupar funções governamentais. Três delas são nomeadas como sub-secretárias de Estado no governo constituído por Léon Blum, em 1936, após a vitória do ‘‘Front Populaire’’: Cécile Brunschvicg, Suzanne Lacore e Irène Joliot-Curie.
Foi necessário esperar os sobressaltos da Libertação de 1945 para que, enfim, as francesas obtivessem o direito de votar. Desde então, aos poucos, passam a ocupar regularmente cadeiras no Legislativo.
Porém a feminização da representação parlamentar teve de aguardar. O número de eleitas à Assembleia Nacional situou-se em 30 – 5% dos deputados – até 1997, data em que passa a 59 graças ao especial esforço dos partidos de esquerda.
Dia simbolizou a expansão definitiva do direito ao sufrágio feminino na cultura ocidental
Cartaz oficial anunciando marcha em Washington pelo voto feminino, em março de 1913
Em 21 de outubro de 1945, as mulheres francesas votam pela primeira vez na história de seu país para escolher os deputados da Assembleia Constituinte. Meses antes, em 20 de abril, já tinham votado nas eleições municipais. Em 1946, já constituiam 47% do eleitorado, tendo depositado majoritariamente seus votos nas forças conservadoras moderadas, manifestando-se bastante fieis ao general Charles de Gaulle, que as havia emancipado eleitoralmente.
O voto das francesas resultou de um decreto de 21 de abril de 1944 promulgado pelo governo provisório do general De Gaulle: ‘‘As mulheres são eleitoras e elegíveis nas mesmas condições que os homens’’. Já não era sem tempo. As francesas estavam entre as últimas mulheres do mundo ocidental a adquirir o direito de votar e de serem eleitas. No Brasil, as mulheres passaram a ter o direito de voto assegurado pelo Decreto n.° 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. A primeira mulher eleita deputada federal foi Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), que tomou posse em 1934 e participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte.
Nos primórdios da democracia francesa, no século XIX, o direito de voto estava reservado ao sexo masculino. Considerava-se que as mulheres, as domésticas e as pobres, devido a sua dependência econômica, não estavam em condições de exercer uma escolha livre.
Os militares também estavam excluídos do direito de votar, mas por outras razões – não se desejava que tomassem partido nas lutas políticas – e pelo fato de o o exército ter de respeitar o epíteto recebido de ‘‘O Grande Mudo’’.
Sabe-se que os primeiros votos femininos ocorreram na Córsega, no tempo em que a ilha estava sob a soberania genovesa: as mulheres votavam já no século XVI, nas assembleias locais, e seu direito foi confirmado pela Constituição de Pascal Paoli, em 1755. No entanto, foi abolida após a anexação francesa.
As primeiras mulheres a obter por inteiro o direito de voto foram os habitantes do território norte-americano de Wyoming, em 1869, seguidas pelas neozelandesas em 1893, as australianas em 1902, as finlandesas em 1906 e as norueguesas em 1913.
No Reino Unido, as reivindicações feministas assumem uma dimensão espetacular com a criação do movimento das sufragistas por Emeline Pankhurst, 45 anos, em 1903. Em 21 de junho de 1908, eram 250 mil a se manifestar no Hyde Park, Londres.
As manifestações se tornam violentas. Uma certa Emily Wilding Davison se atira sob as patas do cavalo do rei George V no derby de Epson, em 1913, e acaba morrendo em virtude dos ferimentos recebidos.
Foi necessário esperar o fim da I Guerra Mundial para que as ‘‘sufragetes’’ obtivessem uma meia-vitória. Em 28 de dezembro de 1918, com a outorga do direito de voto às mulheres com mais de 30 anos.
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É o início do movimento de emancipação mundial posto em marcha pelo papel ativo que desempenharam as mulheres na vida social durante a I Guerra Mundial. Como os homens estavam nas trincheiras combatendo, as mulheres tiveram de substituí-los no campo, nas fábricas e nos escritórios. Deram testemunho também de seu patriotismo como enfermeiras e auxiliares nos cuidados os feridos nos hospitais de campanha. Tudo aquilo, aos olhos dos homens, merecia recompensa.
Em 15 de julho de 1919, o próprio papa Bento XV se pronuncia a favor do direito de voto das mulheres. Nos Estados Unidos, a ratificação da 19ª Emenda à Constituição, em 26 de agosto de 1920, estende o voto ao conjunto das mulheres do país. As turcas obtêm o direito ao voto em 1934 por iniciativa do regime de Mustafá Kemal Ataturk.
Na França, após a I Guerra Mundial, a Câmara de Deputados votou por diversas vezes em favor do voto feminino. Mas seus projetos de lei foram por seis vezes rejeitados pelo Senado. Os motivos dos oponentes se deviam a preconceitos pessoais e ao temor de que as mulheres pudessem deixar de reforçar o campo conservador. A esquerda comunista e socialista temia em particular que as mulheres reforçassem o campo clerical e se submetessem às injunções dos padres.
Entretanto, as francesas não esperam pelo direito ao voto para ocupar funções governamentais. Três delas são nomeadas como sub-secretárias de Estado no governo constituído por Léon Blum, em 1936, após a vitória do ‘‘Front Populaire’’: Cécile Brunschvicg, Suzanne Lacore e Irène Joliot-Curie.
Foi necessário esperar os sobressaltos da Libertação de 1945 para que, enfim, as francesas obtivessem o direito de votar. Desde então, aos poucos, passam a ocupar regularmente cadeiras no Legislativo.
Porém a feminização da representação parlamentar teve de aguardar. O número de eleitas à Assembleia Nacional situou-se em 30 – 5% dos deputados – até 1997, data em que passa a 59 graças ao especial esforço dos partidos de esquerda.
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