Cirurgias plásticas: profissionais não qualificados põem pacientes em risco
Um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo deve ser lido com atenção por quem estiver planejando fazer algum tipo de cirurgia plástica nos próximos dias.
Segundo o estudo, que abrange o período de 2001 a 2008, cerca de 97% dos médicos que respondiam a processos ético-profissionais relacionados a cirurgias plásticas e procedimentos estéticos não possuíam título de especialista na área.
Muitos são ligados à chamada medicina estética - área ainda não reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina - mas também haviam médicos de outras especialidades que, aproveitando o ato cirúrgico, realizavam lipoaspirações pontuais, muitas vezes a pedido do paciente.
A lipoaspiração e os implantes de silicone são, segundo o levantamento, os procedimentos mais frequentes nos processos que envolvem médicos não-especialistas.
Em virtude deste cenário, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), presidida pelo cirurgião Sebastião Nelson Edy Guerra, iniciou a campanha “Cirurgia plástica é com o cirurgião plástico”.
"A iniciativa visa alertar os profissionais e pacientes sobre os riscos de intervenções cirúrgicas plásticas nas mãos de profissionais sem formação específica", reforçou Guerra. Questionado sobre como fugir destes profissionais não qualificados, Sebastião Guerra citou um serviço de consulta disponível no portal da entidade na internet (www. cirurgiaplastica.org.br) que lista os cirurgiões plásticos de todo o País titulados pela entidade. Outras dicas são pedir a opinião de pessoas que já realizaram o procedimento, consultar outros profissionais, checar a necessidade de UTI, o anestesista etc.
Segundo o cirurgião plástico alagoano Luiz Alberto Lopes Ferreira, Alagoas possui apenas 30 cirurgiões plásticos, sendo apenas sete membros titulares, 12 especialistas e 11 membros associados.
Para tornar-se um especialista reconhecido pela SBCP o médico leva de cinco e seis anos e precisa estudar muito para ser aprovado na série de provas realizadas pela entidade. "Por isso, esses profissionais estão qualificados para realizar tais procedimentos", disse Luiz Alberto, que atua na Santa Casa de Maceió.
Conforme Luiz Alberto, o Brasil registrou em 2010 cerca de 700 mil cirurgias plásticas, das quais 130 mil lipoaspirações. O número se justifica porque em muitos procedimentos a lipoaspiração é um complemento ao ato cirúrgico principal. "Nestes casos, os cirurgiões devem atuar em conjunto, cada um na sua área. O problema é que nem sempre isso ocorre, porque apesar da lipoaspiração ser uma técnica aparentemente simples, existem cuidados que nem sempre são seguidos e que põem o paciente em risco", finalizou Alberto.
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