Será que a Zara é a única vilã da história?

Empresas como a Nike, Marisa, Collins e Penambucanas já passaram o que a Zara está passando e sabem o quanto a exploração do trabalho escravo pode repercurtir negativamente em suas marcas e estratégias. Ainda mais neste caso, em que autoridades brasileiras emitiram 52 autos de infração contra duas oficinas de costura subcontratadas pela Inditex (proprietária da marca Zara no Brasil), após constatarem que seus ateliês também serviam de moradia para os funcionários, que suas jornadas de trabalho eram superiores a 12 horas e os salários eram de no máximo R$ 458. Ou seja, vivendo em condições sub-humanas, sem direito a sair da casa em que trabalhavam, exceto por questões de saúde.


Para Giuliana Cassiano Orlandi, auditora fiscal que participou de todas as etapas da fiscalização, a superexploração dos empregados, que tiveram seus direitos laborais e previdenciários negados, aumentam as margens de lucro para as empresas e funcionam como motivação para os empregadores. "Tudo isso gera uma redução no preço dos produtos, caracterizando o dumping social, uma vantagem econômica indevida no contexto da competição no mercado, e uma concorrência desleal".



Denise Von Poser, professora de comunicação com o mercado do curso de pós-graduação da ESPM, compartilha da mesma opinião, incluindo o fato de que, assim como o mundo se abriu para a China, sem levar em consideração as condições precárias de trabalho que os chineses vivem, muitos imigrantes se submetem a trabalhar nessas condições por acreditar que elas são melhores do que em sua terra natal. “Há dois lados nessas histórias que envolvem o trabalho escravo. De um está a empresa, que não deveria ter como meta querer ganhar 100% de lucro em cima da exploração humana. Do outro, o empregado, que não deveria se deixar submeter a essa precariedade desde o início”.



Ainda no caso da população chinesa, ela acredita que é questão de tempo até que ela amadureça diante de um mercado que se abre cada vez mais e passe a reinvidicar seus direitos. “O trabalho escravo no Brasil não é de hoje e os refletores só estão em cima da Zara por se tratar de uma marca conceituada. Mas, e aquelas pequenas oficinas de costura, de fundo de quintal, que existem no Brasil em grandes centros comerciais, mas que ainda não foram descobertas, como fica? Só boicote, por parte dos consumidores, não resolve o problema”, conclui Denise.



É fato que toda ação de fiscalização, por parte dos órgãos competentes e da sociedade, seja válida para reprimir qualquer tipo de movimento de trabalho escravo. Mas pelo que parece, a culpa não recai apenas sobre as grandes companhias, mas também sobre os governantes e a sociedade, que às vezes aceitam essas condições, mesmo estando cientes da exploração, e consomem, por mais que a origem dos produtos seja questionável.



A versão da Zara nessa história

O grupo Inditex informou hoje (18) que pretende revisar o sistema de produção de seus fornecedores no Brasil, em colaboração com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para garantir que não haja exploração dos funcionários.
Além disso, a companhia espanhola exigiu dos fornecedores responsáveis pela subcontratação irregular que revertam à situação imediatamente. O fornecedor, por sua vez, assumiu as compensações econômicas aos trabalhadores e vai corrigir as condições trabalhistas de sua terceirizada.
"Esse caso representa uma grave infração ao Código de Conduta para Fabricantes e oficinas externas da Inditex, que esse fabricante havia assumido contratualmente", explicou a multinacional em comunicado.
No Brasil, são cerca de 50 fornecedores estáveis que somam mais de 7.000 empregos e, conforme a companhia, seu sistema de auditoria social permite assegurar que as condições de trabalho na cadeia de produção tenham "um nível geral ótimo".

Fonte: Repórter Brasil

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

E a vigorexia anda à solta!!!!

Vítima de anorexia, Carola Scarpa morre em São Paulo

Homens superam preconceitos e aderem ao silicone para turbinar o corpo