SPFW e seus transtonos alimentares
Táki Cordás é um dos maiores especialistas em transtornos alimentares do país.
Ele critica organização da São Paulo Fashion Week e agências de modelos.
Marília Justo Do G1, em São Paulo
Ana Carolina Reston morreu aos 21 anos de anorexia (Foto: Divulgação)Na semana do principal evento de moda do país, um dos maiores especialistas brasileiros em anorexia e bulimia, Táki Cordás, psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP), faz um alerta: a indústria da moda não está cumprindo o que prometeu quando a modelo Ana Carolina Reston morreu, em 2006. Para o médico, a luta contra os transtornos alimentares foi deixada de lado.
A morte da modelo paulista comoveu o Brasil e foi notícia em todo o mundo em novembro de 2006. Aos 21 anos de idade, Ana Carolina, que já havia trabalhado em algumas das principais agências do país, morreu de infecção generalizada após passar mais de um mês internada com insuficiência renal causada pela falta de comida. Ela pesava apenas 40 quilos, muito pouco para os seus 1,72 m de altura.
“Quando a menina morreu, todo mundo foi nos jornais para falar. As agências saíram dizendo que mudariam as regras, os eventos prometeram grandes iniciativas. Um ano e meio depois, está tudo a mesma coisa. Não se fala mais nisso. Esses programas de prevenção anunciados na época só serviram para fazer uma cortina de fumaça após a morte da modelo. Hoje, as meninas continuam morrendo”, alerta Cordás, responsável pelo Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares) do Hospital das Clínicas de São Paulo – considerado o maior centro do tipo na América Latina.
SPFW
Desde a morte de Ana Carolina, a organização da São Paulo Fashion Week criou um programa de prevenção a transtornos alimentares, que já ofereceu palestras a modelos feitas por membros do próprio Ambulim. Segundo a coordenadora do projeto, Bell Kranz, desde janeiro de 2007, a SPFW proíbe menores de 16 anos de desfilar e exige um atestado médico para todas as modelos que participam do evento.
Em janeiro de 2007 também, a semana da moda de São Paulo distruibui entre as modelos uma cartilha sobre o assunto. “É um material que ensina as meninas que é preciso manter a saúde e se alimentar direito. Quer emagrecer? Pode, mas com saúde, comendo direito. A cartilha dá dicas voltadas especialmente para elas, que têm um dia-a-dia muito atribulado. Ensina como comer quando está trabalhando 20 horas seguidas, por exemplo", explicou Kranz ao G1.
Versões alternativas da cartilha foram lançadas nas edições seguintes da SPFW. Em junho de 2007, foi feita uma versão para os pais das modelos, ensinando como ficar de olho na saúde das filhas. “Muitas meninas moram muito longe de casa, sozinhas. Mostramos para os pais como fazer para garantir que elas estão se alimentando direito, mesmo tão distantes”, afirma Kranz.
A cartilha desta edição, ainda não lançada, será voltada aos professores de educação infantil.
SPFW x Ambulim
Táki Cordás fez duras críticas à organização da São Paulo Fashion Week por conta de um projeto montado em parceria com o Ambulim. No início de 2007, a SPFW procurou o especialista para conversarem sobre o desenvolvimento de um centro de recuperação para pacientes com anorexia e bulimia. Um ano e meio depois, a iniciativa segue apenas no papel.
“É vergonhoso. Eu me dediquei a esse projeto, disponibilizei meus profissionais, montamos tudo e não deu em nada. Nem satisfação. Ficou por isso mesmo”, reclama o médico. saiba mais
França quer tirar do ar sites pró-anorexia Anorexia pode matar 15% dos adultos que sofrem com a doença
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A organização da semana da moda paulista rebateu as críticas e disse que o projeto do centro está “100% de pé”. “Precisamos de patrocínio. É uma iniciativa cara. Estamos apresentando a proposta para diversas empresas, mas até agora nenhuma delas se manifestou”, afirmou Kranz.
A coordenadora afirmou que, no momento, não se sabe quanto dinheiro será necessário para levantar o centro, nem mesmo quanto tempo isso vai demorar, depois que um patrocínio for obtido. “É trabalhoso, não é algo que sai da noite para o dia. E é preciso lembrar que é uma proposta nossa, de boa vontade. Não temos obrigação de fazer nada disso.”, disse ela.
Táki Cordás reconhece que pode ter havido falta de dinheiro. “Falta de verba, falta de vontade. Enquanto isso, meninas continuam morrendo de anorexia enquanto tentam atingir um corpo vendido pela indústria da moda. É uma vergonha”, completou.
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL600878-5603,00-NA+SEMANA+DA+MODA+MEDICO+ALERTA+QUE+MORTES+POR+ANOREXIA+FORAM+ESQUECIDAS.html
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL600878-5603,00-NA+SEMANA+DA+MODA+MEDICO+ALERTA+QUE+MORTES+POR+ANOREXIA+FORAM+ESQUECIDAS.html
Links Patroc
Ele critica organização da São Paulo Fashion Week e agências de modelos.
Marília Justo Do G1, em São Paulo
Ana Carolina Reston morreu aos 21 anos de anorexia (Foto: Divulgação)Na semana do principal evento de moda do país, um dos maiores especialistas brasileiros em anorexia e bulimia, Táki Cordás, psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP), faz um alerta: a indústria da moda não está cumprindo o que prometeu quando a modelo Ana Carolina Reston morreu, em 2006. Para o médico, a luta contra os transtornos alimentares foi deixada de lado.
A morte da modelo paulista comoveu o Brasil e foi notícia em todo o mundo em novembro de 2006. Aos 21 anos de idade, Ana Carolina, que já havia trabalhado em algumas das principais agências do país, morreu de infecção generalizada após passar mais de um mês internada com insuficiência renal causada pela falta de comida. Ela pesava apenas 40 quilos, muito pouco para os seus 1,72 m de altura.
“Quando a menina morreu, todo mundo foi nos jornais para falar. As agências saíram dizendo que mudariam as regras, os eventos prometeram grandes iniciativas. Um ano e meio depois, está tudo a mesma coisa. Não se fala mais nisso. Esses programas de prevenção anunciados na época só serviram para fazer uma cortina de fumaça após a morte da modelo. Hoje, as meninas continuam morrendo”, alerta Cordás, responsável pelo Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares) do Hospital das Clínicas de São Paulo – considerado o maior centro do tipo na América Latina.
SPFW
Desde a morte de Ana Carolina, a organização da São Paulo Fashion Week criou um programa de prevenção a transtornos alimentares, que já ofereceu palestras a modelos feitas por membros do próprio Ambulim. Segundo a coordenadora do projeto, Bell Kranz, desde janeiro de 2007, a SPFW proíbe menores de 16 anos de desfilar e exige um atestado médico para todas as modelos que participam do evento.
Em janeiro de 2007 também, a semana da moda de São Paulo distruibui entre as modelos uma cartilha sobre o assunto. “É um material que ensina as meninas que é preciso manter a saúde e se alimentar direito. Quer emagrecer? Pode, mas com saúde, comendo direito. A cartilha dá dicas voltadas especialmente para elas, que têm um dia-a-dia muito atribulado. Ensina como comer quando está trabalhando 20 horas seguidas, por exemplo", explicou Kranz ao G1.
Versões alternativas da cartilha foram lançadas nas edições seguintes da SPFW. Em junho de 2007, foi feita uma versão para os pais das modelos, ensinando como ficar de olho na saúde das filhas. “Muitas meninas moram muito longe de casa, sozinhas. Mostramos para os pais como fazer para garantir que elas estão se alimentando direito, mesmo tão distantes”, afirma Kranz.
A cartilha desta edição, ainda não lançada, será voltada aos professores de educação infantil.
SPFW x Ambulim
Táki Cordás fez duras críticas à organização da São Paulo Fashion Week por conta de um projeto montado em parceria com o Ambulim. No início de 2007, a SPFW procurou o especialista para conversarem sobre o desenvolvimento de um centro de recuperação para pacientes com anorexia e bulimia. Um ano e meio depois, a iniciativa segue apenas no papel.
“É vergonhoso. Eu me dediquei a esse projeto, disponibilizei meus profissionais, montamos tudo e não deu em nada. Nem satisfação. Ficou por isso mesmo”, reclama o médico. saiba mais
França quer tirar do ar sites pró-anorexia Anorexia pode matar 15% dos adultos que sofrem com a doença
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A organização da semana da moda paulista rebateu as críticas e disse que o projeto do centro está “100% de pé”. “Precisamos de patrocínio. É uma iniciativa cara. Estamos apresentando a proposta para diversas empresas, mas até agora nenhuma delas se manifestou”, afirmou Kranz.
A coordenadora afirmou que, no momento, não se sabe quanto dinheiro será necessário para levantar o centro, nem mesmo quanto tempo isso vai demorar, depois que um patrocínio for obtido. “É trabalhoso, não é algo que sai da noite para o dia. E é preciso lembrar que é uma proposta nossa, de boa vontade. Não temos obrigação de fazer nada disso.”, disse ela.
Táki Cordás reconhece que pode ter havido falta de dinheiro. “Falta de verba, falta de vontade. Enquanto isso, meninas continuam morrendo de anorexia enquanto tentam atingir um corpo vendido pela indústria da moda. É uma vergonha”, completou.
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL600878-5603,00-NA+SEMANA+DA+MODA+MEDICO+ALERTA+QUE+MORTES+POR+ANOREXIA+FORAM+ESQUECIDAS.html
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL600878-5603,00-NA+SEMANA+DA+MODA+MEDICO+ALERTA+QUE+MORTES+POR+ANOREXIA+FORAM+ESQUECIDAS.html
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