Portugal pede corpos com formas
Já começa incomodar as modelos tão magras em Portugal...
Moda nacional começa a querer corpos com formas
JORNAL O CARTAZ
por CATARINA VASQUES RITO
por CATARINA VASQUES RITO
15 Março 2010
A anorexia é um fantasma no mundo da moda, principalmente das manequins. Em Portugal continua a não ser um tema discutido profundamente
O mundo da moda viu-se forçado, há uns anos, a lidar com um facto até então pouco discutido: a anorexia. Esta doença, que pode levar à morte quando não tratada a tempo, é um fantasma entre manequins, mais nas mulheres do que nos homens. Isto é, a pressão exercida pelas medidas certas e o peso ideal provoca em muitas jovens, que querem singrar nesta profissão, a tomar medidas, por vezes drásticas, em relação à sua alimentação.
Recentemente, no Brasil, após a Semana da Moda de São Paulo, este assunto voltou a ser abordado por se ter constatado que muitas manequins, que estavam a desfilar, eram magras de mais. Na Europa, nomeadamente em Es- panha, medidas de controlo foram tomadas há três anos, exigindo que todas as raparigas antes dos desfiles fossem pesadas para perceber se estavam abaixo do seu peso. Em Portugal, não tem havido uma discussão sobre este assunto, porque não surgiram, que se conheça, casos suficientes para justificar medidas mais drásticas.
Andressa Borba, 17 anos (faz 18 em Julho), é brasileira (Curitiba) e trabalha como manequim há três anos. "Este é um tema que nunca me preocupou em demasia. Tenho cuidado com o meu corpo como um todo. Para ter uma saúde sã é preciso tratar da pele, do cabelo e claro da alimentação, mas como o que gosto, sem exagerar porque não é positivo para o meu bem-estar. Tem de existir um grande equilíbrio mental para conseguirmos estar nesta profissão e para não nos deixarmos afectar pelas pressões das agências. Pessoalmente, só uma vez é que foi pedido para perder mais alguns quilos e foi em Paris, onde acho que exageram um pouco", confessa ao DN esta jovem que gostaria a vir a trabalhar como fotógrafa ou publicitária.
"Nos seis anos em que trabalho como manequim nunca me foi pedido para emagrecer. Nós, os homens, temos menos pressão nesse sentido, desde que se cumpra o peso referido no book. Claro que se um manequim diz pesar normalmente 76 quilos e depois aparece para um trabalho com mais cinco ou seis quilos, vai-lhe ser pedido para emagrecer. Mas acho que a pressão nas mulheres é realmente grande nesta área, porque as roupas são feitas em tamanhos muito pequenos", salienta Jonathan Sampaio, ao DN, um dos manequins portugueses com mais sucesso além-fronteiras.
Hélio Bernardino, director-geral da Agência Elite Lisbon, afirma que nunca se deparou com um caso de anorexia nos vários anos em que trabalha neste universo. "A anorexia é realmente um problema, mas nos vários anos de profissão que tenho nunca me deparei com um caso. Conheço situações destas, poucas, mas de raparigas fora da moda. Acho que a questão de nunca termos abordado com profundidade esta questão é porque não temos situações de risco. Existem de facto manequins muito magras, algumas durante estas alturas das semanas de moda têm uma alimentação mais regrada, mas muitas vezes deve-se ao facto de quererem poupar dinheiro. Claro, que como responsável de uma agência de modelos tenho de estar atento. No entanto, é importante frisar que a situação tende a mudar, a moda das manequins muito magras está a ser alterada. Vai começar a surgir a mulher com uma imagem mais saudável, brilho no olhar, mais chegada à realidade", frisa.
No último desfile da Louis Vuitton, em Paris, foi isso mesmo que aconteceu. As manequins eram fisionomicamente diferentes, eram detentoras de corpos com mais formas, mais volumosas, até gordinhas. E o falatório tem sido grande pela aposta feita pela marca em mudar o tipo de imagem da mulher que está a desfilar, indo mais ao encontro dos corpos ditos normais (reais) femininos.
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