Mulher diretora de cinema conquista Oscar pela primeira vez na história

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Marco. Conquista da diretora no Oscar faz refletir sobre o papel da mulher na história do cinema
Caminho aberto por Bigelow
MANOHLA DARGIS - THE NEW YORK TIMES

LOS ANGELES, EUA. A vitória dupla de Kathryn Bigelow no Oscar de melhor direção e melhor filme por "Guerra ao Terror" não conseguiu somente trespassar o teto de vidro aparentemente blindado da indústria cinematográfica norte-americana. Ela também conseguiu desmantelar estereótipos sobre quais tipos de filme as mulheres podem e devem dirigir. Esse feito foi histórico e estimulante, especialmente para as mulheres que fazem filmes e as mulheres que assistem a filmes - dois grupos que frequentemente são ignorados e injustiçados em uma indústria na qual a maioria das películas tem homens como estrelas e é feita por e para homens. É muito cedo para saber se esse momento será transformador - mas, quer saber, é bom demais.
Independentemente se são fonte de repugnância ou risos, o Oscar é um importante destaque cultural e, agora, talvez mais do que nunca. Todos os espectadores da cerimônia de entrega do Oscar podem não ser compradores de entradas para os cinemas, mas, quando eles assistiram à transmissão deste ano, eles ouviram a notícia espantosa, chocante, enervante ou desinteressante (escolha seu grau de comprometimento) de que Bigelow foi a primeira mulher em 82 anos de Oscar a ganhar o prêmio de melhor direção.
As discussões reais sobre a política sexual não costumam entrar em pauta durante a interminável "temporada" do Oscar, motivo pelo qual sua simples indicação foi quase tão importante quanto sua vitória dupla.Mesmo antes do anúncio das indicações em 2 de fevereiro, enquanto ela recebia prêmio atrás de prêmio, incluindo a honraria do Sindicato dos Diretores, as pessoas que normalmente não falam sobre mulheres e cinema comentavam sobre essa mulher e o cinema. Incomumente, a questão de diretoras mulheres trabalhando - embora elas raramente tenham trabalho no cinema - estava sendo discutida nos jornais e nos sites. Isso foi feito sem acusações de politicamente correto, expressão que muitas vezes é dita para silenciar aqueles com reclamações legítimas. As palavras "filme" e "feminismo" não apareciam tantas vezes na mesma frase desde quando "Thelma & Louise" agitou a cultura quase duas décadas atrás.
Thelma e Louise não precisaram carregar o livro "O Segundo Sexo" para confirmar suas credenciais como inspirações feministas; a forma como os espectadores receberam as personagens provou que elas eram feministas.O mesmo vale para Bigelow, que não gosta de falar sobre ser um marco feminista - ela nem precisa, por ser um marco há décadas. Tampouco precisa falar sobre o papel como diretora mulher. A recusa em comentar, junto com os tipos de filme que ela faz, nem sempre agrada a algumas pessoas. Como Thelma e Louise, Bigelow não aceita se comportar do jeito que acham que ela deveria.
Uma matéria crítica sobre a diretora no site Salon.com intitulada "Kathryn Bigelow: Feminist Pioneer or Tough Guy in Drag?" (Pioneira do Feminismo ou um Cara Durão em Pele de Mulher?) expõe algumas das questões em jogo. O centro da crítica da autora, Martha Nochimson, é a acusação de que Bigelow e sua técnica "magistral" são elogiadas enquanto Nancy Meyers e Nora Ephron enfrentaram o "descaso sumário". As diferenças entre a forma como elas foram recebidas, escreveu Martha, "revelam uma suposição insustentável de que o estilo de filmagem viril para as situações fragmentadas e de risco de morte dos filmes de guerra é naturalmente superior à técnica apropriada para as situações orgânicas e ratificadoras da vida que são típicas da comédia romântica".
ENFIM UMA MULHER ENTRA PARA A HISTORIA DO CINEMA SEM MOSTRAR O CORPO.

FONTE> jORNAL O TEMPO
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/IdEdicao=1603&IdCanal=4&IdSubCanal=&IdNoticia=136363&IdTipoNoticia=1






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