carta da mulher que ignora o corpo
PARA LER É PENSAR
Carta IV - (da mulher que ignora o corpo)
FONTE: http://eraparasercancao.blogspot.com/2010/03/carta-iv-da-mulher-que-ignora-o-corpo.html
o céu está limpo, as estrelas parecem colaborarem para mais um noite. visto-me de nudez e provocação... tenho toda a calçada e todo os desejos dos homens. meu corpo, inda juventude, sabe de fingimentos, sobrevive a tantos gozos sem gozar, conserva-se alheio para a chance de se descobrir um dia.
a brisa eriça a minha pele morena, essa morenice antepassada, sobrevivente de tantos preconceitos. os meus seios ainda não estão maduros, mas foram inúmeras vezes provados. salientes no bustiê bege e com decote desinibido, atiça o transeunte feito de fantasia. as curvas, o quadril, as pernas alongadas, inda mais pelo salto, são convites expostos para todos... para os meninos que não sabem da artimanha do sexo, para os homens infiéis, para os senhores cansados de suas esposas tagarelas e recatadas, para as mulheres que desejam o carinho de outra mulher.
resume-se ao corpo todo o desejo. meu nome pode ser qualquer um, o nome que desejares eu tenho, a mulher que desejares eu sou, a posição que quiseres eu aceito e o que pedir eu faço, mas não se engane, não confunda, não me tens, não tens o brilho de meus olhos, nem o meu pulsar, nem os meus sonhos. tens a tua fantasia e a minha necessidade, nada mais. se desejas que eu seja tua, agora, serei, mas apenas enquanto o teu dinheiro puder te permitir meu dono.
a minha carne é igual a tua, também sei de sentimentos, de alegrias e tristezas, defino as coisas que parecem ser, das coisas que realmente são. em cada abuso teu um frio na alma. sinto-me coisa tão inútil quanto a ti, vazo vazio, porcelana medíocre que não se tem o cuidado do tato, carne rasgada e, murada feita para ser transposta. permito-te a ilusão mas não te dou a minha que é muito mais simples, sem necessidades de paisagens de primaveras, de cenas de filmes com finais felizes.
queria apenas não existir no teu caminho, não existir no teu reparar e que fosse eu a descobrir a ti.
Postado por daufen bach. às 18:29
Marcadores: Cartas
Carta IV - (da mulher que ignora o corpo)
FONTE: http://eraparasercancao.blogspot.com/2010/03/carta-iv-da-mulher-que-ignora-o-corpo.html
o céu está limpo, as estrelas parecem colaborarem para mais um noite. visto-me de nudez e provocação... tenho toda a calçada e todo os desejos dos homens. meu corpo, inda juventude, sabe de fingimentos, sobrevive a tantos gozos sem gozar, conserva-se alheio para a chance de se descobrir um dia.
a brisa eriça a minha pele morena, essa morenice antepassada, sobrevivente de tantos preconceitos. os meus seios ainda não estão maduros, mas foram inúmeras vezes provados. salientes no bustiê bege e com decote desinibido, atiça o transeunte feito de fantasia. as curvas, o quadril, as pernas alongadas, inda mais pelo salto, são convites expostos para todos... para os meninos que não sabem da artimanha do sexo, para os homens infiéis, para os senhores cansados de suas esposas tagarelas e recatadas, para as mulheres que desejam o carinho de outra mulher.
resume-se ao corpo todo o desejo. meu nome pode ser qualquer um, o nome que desejares eu tenho, a mulher que desejares eu sou, a posição que quiseres eu aceito e o que pedir eu faço, mas não se engane, não confunda, não me tens, não tens o brilho de meus olhos, nem o meu pulsar, nem os meus sonhos. tens a tua fantasia e a minha necessidade, nada mais. se desejas que eu seja tua, agora, serei, mas apenas enquanto o teu dinheiro puder te permitir meu dono.
a minha carne é igual a tua, também sei de sentimentos, de alegrias e tristezas, defino as coisas que parecem ser, das coisas que realmente são. em cada abuso teu um frio na alma. sinto-me coisa tão inútil quanto a ti, vazo vazio, porcelana medíocre que não se tem o cuidado do tato, carne rasgada e, murada feita para ser transposta. permito-te a ilusão mas não te dou a minha que é muito mais simples, sem necessidades de paisagens de primaveras, de cenas de filmes com finais felizes.
queria apenas não existir no teu caminho, não existir no teu reparar e que fosse eu a descobrir a ti.
Postado por daufen bach. às 18:29
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