lIVRO FALA DE JOVENS E SEUS PROBLEMAS SOCIAIS
Escritor italiano relata dramas adolescentes no premiado 'A solidão dos números primos'
Bullying, anorexia, dificuldade de socialização, pressão pelas "escolhas certas", vergonha por um parente deficiente, automutilação e outros aperreios adolescentes aparecem assim, juntos, no vibrante romance de estreia de um jovem físico italiano, que faturou um dos maiores prêmios do seu país e conquistou leitores mundo afora. "A solidão dos números primos" (Rocco), de Paolo Giordano, cruza, de modo sensível e com boas sacadas, as histórias de Mattia e Alice, vítimas da longa lista de perrengues acima.
Mattia tem uma irmã gêmea com deficiência mental. Ele crê que, por causa dela, é zoado e isolado no colégio. Um dia, ao ir sozinho com a menina a uma festa de aniversário, resolve deixá-la num parque, de onde ela some, deixando uma sombra indelével na sua vida.
Alice é torturada com as aulas de esqui impostas pelo pai, que sonha fazer uma campeã. Um acidente, numa manhã de forte nevoeiro, a deixa com uma perna defeituosa, mudando o rumo da sua história.
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O livro é muito acessível e muito emocional. Por isso tem atraído grandes audiências
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Enquanto crescem e tentam, sem sucesso, se integrar, os dois se conhecem. Parecem destinados um ao outro. Mas acabam sempre vagando por caminhos opostos, sem conseguir ficar próximos - tal como, segundo a bonita reflexão do nerd Mattia, acontece com os números primos: divisíveis só por si próprios e por um, às vezes eles são separados apenas por um número par. Mas jamais se tocam.
- O livro é muito acessível, do ponto de vista da escrita, e muito emocional. Por isso tem atraído grandes audiências - define Giordano. - (Outra razão do sucesso) é que falo sobre essa parte secreta da vida de todo mundo, esses segredos de que nos envergonhamos e jamais confessamos, mas que são partes importantes da nossa personalidade. Acho que todo mundo tem algo dessas pessoas. O livro, de alguma forma, nos faz sentir menos sozinhos.
Aos 26 anos, Paolo lembra que, quando moleque, tinha dificuldade de se relacionar e era sacaneado por ser nerd. Como Mattia, que resolveu cursar Matemática, o italiano se formou em Física e tem obsessão por números e cálculos. Mas ele diz que, ao contrário do personagem, frequentava festas e ficava com meninas:
- Enquanto Mattia tem muito a ver comigo, Alice é um mix de várias meninas que conheci. Para criar histórias, passo meses escrevendo frases que escuto, anotando imagens que vêm à minha mente, mesmo quando parecem aleatórias... Então, devagar, conecto as imagens às minhas próprias vivências, tentando imaginar como pessoas diferentes de mim veriam e viveriam as coisas que vivi. Tem dado certo. DIZ O AUTOR
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