Com menos roupa e mais ironia, ativistas atraem atenção
Para historiadora, novo ativismo ganhou humorGleb Garanich/Reuters
Seguranças detêm manifestante feminista na Eurocopa
FABIO BRISOLDO RIO
Uma nova versão de feminista ganha espaço no ativismo brasileiro. Em vez de gritos de ordem, elas defendem causas com os seios à mostra.
Ao longo da Rio+20, houve topless em passeata de mulheres e grupo de pelados em marcha pelo centro.
Duas semanas antes da conferência da ONU, mulheres em 18 capitais brasileiras organizaram manifestações simultâneas batizadas de Marcha das Vadias.
Denunciando exploração sexual, o movimento ficou conhecido por reunir militantes sem blusas ou sutiãs.
Professora titular do Departamento de História da Unicamp, Margareth Rago identifica mudança em curso.
"O estereótipo da feminista assexuada e impositiva está sendo desconstruído por mulheres bem-humoradas, que protestam com ironia e deboche", avalia.
Margareth identifica duas mobilizações recentes que ajudaram a promover o novo tipo de ativismo.
Uma é a Slut Walk, manifestação criada no Canadá, em 2011, que ganhou versões pelo mundo, entre elas, a brasileira Marcha das Vadias.
A outra é a Femen, grupo formado em 2008 por mulheres da Ucrânia. Entre outras causas, protestam contra o turismo sexual impulsionado por eventos esportivos.
A brasileira Sara Winter, 19, desembarcou semana passada para acompanhar de perto as ucranianas. Ela é primeira representante da Femen no Brasil.
"O topless é uma estratégia de marketing e também uma forma de dizer que posso fazer o que quiser com o meu corpo. Por que mostrar o seio é considerado atentado ao pudor?", diz Sara.
Para a psicanalista Regina Navarro Lins, a mulher tentou agir como o homem em busca de respeito no auge do feminismo da década de 70.
"Essa fronteira entre o masculino e o feminino, o forte e o fraco, está se dissolvendo. E, por isso, elas estão podendo ousar mais", afirma.
Na Rio+20, o protesto com topless foi iniciado por nove integrantes do grupo Tambores de Safo, formado por lésbicas e bissexuais de Fortaleza, no Ceará. Ativistas e percussionistas, elas costumam batucar, com os seios à mostra, em suas manifestações.
"Na internet estão dizendo que uma mulher do grupo vai posar para a Playboy. É mentira. Representa a exploração estética do corpo feminino, que nós condenamos", diz Alessandra Guerra, 28, uma das líderes do movimento.
retirado do site: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/50745-com-menos-roupa-e-mais-ironia-ativistas-atraem-atencao.shtml - acesso em 27 de junho
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