Cirurgia de redução de mama tem maior taxa de complicações em mulheres mais velhas .

Márcia Wirth  .

Infecções são mais comuns em mulheres acima de 50 anos



Complicações após cirurgias de redução de mama, particularmente infecções, são mais comuns em mulheres com mais de 50 anos, relata um estudo publicado no Plastic and Reconstructive Surgery, jornal médico oficial da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.



A taxa de complicações aumenta em mulheres mais velhas, provavelmente refletindo as alterações relacionadas à idade e aos baixos níveis hormonais, diz Michele A. Shermak, a responsável pelo trabalho, a pesquisadora do Instituto Médico Johns Hopkins, em Baltimore. E acima dos 50 anos, mais problemas são registrados após a cirurgia de redução de mama.



Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores avaliaram 1.192 mulheres submetidas à cirurgia de redução de mama entre 1999-2009. Os pesquisadores avaliaram as taxas e os tipos de complicações em três diferentes grupos etários: mulheres com menos de 40 anos, 40 a 50, e mais de 50.



Na análise, mesmo após o controle de outras condições médicas, a taxa de infecção foi 2,7 vezes maior para mulheres com mais de 50 anos, comparada com o grupo sub-40. Mulheres acima de 50 anos também tendem a ter uma taxa mais elevada de problemas de cicatrização, levando a uma maior taxa de repetição da cirurgia para remover as áreas de pele morta, chamada desbridamento.



Declínio dos níveis hormonais



“Estudos anteriores identificaram vários fatores de risco para o aparecimento das complicações, após a cirurgia de redução de mama, incluindo a obesidade, uma extensa redução de mama e o tabagismo. O novo estudo é o primeiro a concentrar-se especificamente sobre a idade como um fator de risco”, observa o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.



Os resultados sugerem um aumento da taxa de infecções e possivelmente outras complicações após a cirurgia de redução de mama em mulheres acima de 50 anos. O aumento do risco está provavelmente relacionado com o declínio hormonal típico da idade.



Ainda segundo os pesquisadores, as infecções tendem a ser menos comuns em mulheres que estavam fazendo terapia de reposição hormonal. Ao passo que a taxa de infecção apareceu mais elevada em mulheres que tinham sido submetidas à histerectomia ou ooforectomia (remoção dos ovários), procedimentos que levam a quedas acentuadas nos níveis hormonais.



“Os novos resultados sugerem que a idade pode agir como um ‘fator de confusão’ na avaliação do risco de complicações, após a cirurgia de redução de mama, especialmente em mulheres acima de 50 anos. Os níveis hormonais podem justificar uma atenção especial para este grupo”, defende Ruben Penteado.



Indicação da mamoplastia redutora



Muito além de ser apenas uma preocupação estética, muitas mulheres procuram a cirurgia por uma questão de saúde. O excesso de peso das mamas pode causar dores nas costas e até mesmo problemas de coluna. Há ainda aquelas que sofrem com assaduras na parte inferior do seio e com dores e machucados constantes nos ombros por causa da alça do sutiã.



“A cirurgia de redução de mama, também chamada de mamoplastia redutora, é altamente eficaz no alívio dos sintomas relacionados ao excesso de peso das mamas, tais como dor nos ombros, nas costas e no pescoço, problemas de postura e de compressão de alça do sutiã”, afirma o cirurgião plástico.



Segundo Ruben Penteado, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, quando o tamanho dos seios não agrada e incomoda, a paciente não deve se preocupar em estabelecer um novo tamanho desejado para os seios. "É papel do médico fazer simulações para que a paciente indique como gostaria que os seios ficassem e, na cirurgia, buscar este resultado. O que mais importa não é o quanto se deve tirar, e sim como será o resultado final. Tudo é pensado para proporcionar harmonia ao biotipo da paciente. Muitas vezes, temos de tirar quantidades diferentes de tecidos dos seios", explica o médico.



Entre as mulheres, há uma grande preocupação quanto à cicatriz deixada pela operação. Novamente, isso dependerá da técnica usada pelo médico, do tipo de mama e da quantidade de tecido a ser retirado. É possível deixar cicatrizes bem discretas, mas os especialistas alertam que a técnica empregada varia de caso para caso. "Usamos técnicas diferentes, já que as mamas das mulheres não são iguais. Sempre escolhemos a técnica que corrija a mama da melhor forma e tenha a menor cicatriz possível. Quanto mais glândula e pele tiverem de ser retiradas, maior será a cicatriz", explica Ruben Penteado.



Uma técnica muito utilizada é a que deixa uma cicatriz em torno da auréola, chamada periareolar. Em boa parte dos casos, a mama tem de ser suspendida e a auréola muda de posição. As cicatrizes podem ser ainda em forma de "T" invertido, na parte inferior da mama ou em formato de "L" e "I" .



“É importante saber que as cicatrizes passam por diversas fases de transformação até atingirem seu estado final. Então, é preciso controlar a ansiedade. Em geral, apenas depois de um ano pode-se observar o aspecto definitivo da cicatriz, quando ela se tornará mais clara e menos consistente”, informa o cirurgião plástico.

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