A história do uso da sexualidade das mulheres brancas para justificar violência racista



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“Eu tenho que fazer isso. Vocês estupram nossas mulheres e estão dominando nosso país. E vocês têm de ir.”
Essas são as palavras que o atirador de Charleston teria dito durante o massacre da última quarta-feira, segundo Sylvia Johnson, uma mulher que teria falado com um dos sobreviventes do massacre e relatou a conversa à NBC News.
Johnson é prima do pastor e senador Clementa Pinckney, morto na noite de quarta na Igreja Episcopal Metodista Africana Emanuel. Nove pessoas foram assassinadas a sangue frio na igreja – três homens e seis mulheres.

Ainda não ouvimos declarações diretas dos sobreviventes do ataque, portanto há muitas dúvidas. Não podemos ter certeza das palavras exatas usadas pelo autor do atentado, ou o significado exato por trás delas.
Mas, se o relato de Johnson for preciso, há um contexto histórico perturbadorpara os sentimentos expressados.
Um homem branco cometeu um terrível ato de violência – terrorismo doméstico, um crime de ódio – contra mulheres e homens negros.
Ele supostamente usou a “proteção” das mulheres brancas e de sua sexualidade como a razão para seus atos. Parece o pior da masculinidade branca tóxica.
Como observou a colunista do Feministing Chloe Angyal no Twitter, essa narrativa não é nova:
“Vocês estupram nossas mulheres e estão dominando nosso país.” NOSSAS mulheres. Mulheres brancas. Violência racista em nome de nossa feminilidade branca, mais uma vez.
Os Estados Unidos têm história do uso da sexualidade das mulheres brancas sendo usada como justificativa para atos de violência racista.
No fim do século 19, a ideia de que homens negros tinham propensão inata ao estupro costumava ser usada para linchar homens negros.
Em 1923, o massacre de Rosewood, na Flórida, teve origem no boato de que uma mulher branca havia sido atacada por um negro. Em 1955, Emmett Till, de 14 anos, foi assassinado por dois homens brancos supostamente por ter flertado com a caixa de um supermercado – ela era branca.
Como escreveu Jamelle Bouie para a Slate: “Faça qualquer lista de terrorismo antinegros nos Estados Unidos e você também terá uma lista de ataques justificados pelo espectro de estupros cometidos por negros”.
Lisa Lindquist-Dorr, professora associada da Universidade do Alabama, falou ao The Huffington Post sobre a força histórica dessa ideia.
“Era uma ideia falsa levantada para justificar violência ou táticas legais para oprimir os afro-americanos”, disse ela. “Ela não tinha base na realidade. É uma ideia deturpada que vem à tona para justificar a opressão.”
Em White Women, Rape, and the Power of Race in Virginia, 1900-1960 (mulheres brancas, estupro e o poder da raça na Virgínia, 1900-1960, em tradução livre),Lindquist-Dorr explica o mito do estupro que dominava a cultura branca do sul dos Estados Unidos.
“O mito insistia que negros eram levados a atacar as mulheres brancas e que, para dissuadi-los, ‘os monstros negros estupradores’ deveriam pagar com suas vidas”, escreve ela.
A ideia era particularmente eficaz por causa da maneira como a sexualidade das mulheres brancas é vista e posicionada historicamente. “O acesso sexual às mulheres é um troféu”, diz Lindquist-Dorr.
“As mulheres brancas representavam virtude e moralidade, significavam brancura e superioridade branca, então o acesso a elas era o privilégio definitivo dos homens brancos. Isso também as faz troféus trocados entre os homens.”
Se os comentários do atirador de Charleston são indicação, esses sentimentos ainda estão muito enraizados em nossa cultura.
Os corpos das mulheres brancas ainda estão sendo usados para explicar a destruição de corpos e vidas negras – tanto de homens quanto de mulheres.
Algumas aliadas já se manifestam nas mídias sociais para deixar muito claro quemulheres brancas não vão aceitar crimes violentos justificados em nosso nome.
“Eu tenho que fazer isso. Vocês estupram nossas mulheres e estão dominando nosso país. E vocês têm de ir.”
Essas são as palavras que o atirador de Charleston teria dito durante o massacre da última quarta-feira, segundo Sylvia Johnson, uma mulher que teria falado com um dos sobreviventes do massacre e relatou a conversa à NBC News.
Johnson é prima do pastor e senador Clementa Pinckney, morto na noite de quarta na Igreja Episcopal Metodista Africana Emanuel. Nove pessoas foram assassinadas a sangue frio na igreja – três homens e seis mulheres.

Ainda não ouvimos declarações diretas dos sobreviventes do ataque, portanto há muitas dúvidas. Não podemos ter certeza das palavras exatas usadas pelo autor do atentado, ou o significado exato por trás delas.
Mas, se o relato de Johnson for preciso, há um contexto histórico perturbadorpara os sentimentos expressados.
Um homem branco cometeu um terrível ato de violência – terrorismo doméstico, um crime de ódio – contra mulheres e homens negros.
Ele supostamente usou a “proteção” das mulheres brancas e de sua sexualidade como a razão para seus atos. Parece o pior da masculinidade branca tóxica.
Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2015/07/02/sexualidade-mulher-branca-racismo_n_7717170.html > acesso em 7/07/2015 

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