'Campanha' de Huck reforça estereótipo, reclamam críticos
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O apresentador foi às redes sociais pedir que as interessadas em 'gringos' na Copa se oferecessem por e-mail. Após enxurrada de críticas, ele apagou o post
Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Nana Queiroz, idealizadora da campanha 'Eu não mereço ser estuprada' (Reprodução)
Luciano Huck se deu mal ao tentar reinventar o Namoro na TV, em uma versão que pretendia unir brasileiras aos turistas estrangeiros que invadem o Rio de Janeiro para a Copa do Mundo. Pelo Twitter e no Facebook, o apresentador convocava cariocas solteiras a enviar fotos para disputar um "gringo sob medida". A ideia encontrou resistência entre os próprios fãs – inclusive um grande número de homens. "Que incentivo, hein?", um usuário do Twitter provocou Huck na rede social. "Mulher bonita é mercadoria televisiva?", questionou outro.
A reação fez com que o apresentador apagasse as publicações. A amigos próximos, ele se mostrou surpreso com a repercussão negativa de uma ideia que, segundo suas palavras, "nada mais é do que o 'namoro na TV', que existe há mais de 40 anos na televisão e ninguém critica".
No fim da tarde, a Rede Globo emitiu uma nota por meio de sua assessoria de imprensa. O texto diz que Luciano Huck, assim como toda a equipe de seu programa, "é contra qualquer tipo de violência e sempre apoiou campanhas contra a exploração sexual de mulheres". Segundo a emissora, a mensagem postada nas redes sociais "se refere a um quadro já produzido outras vezes pelo 'Caldeirão' e, por outros programas com o intuito de promover o encontro entre pessoas, sejam elas brasileiras ou não. A nova edição do quadro é um projeto em estudo, que sequer está em produção, assim como outras iniciativas internas do programa".
Em meio às péssimas repercussões, mulheres engajadas na luta contra a exploração sexual aproveitaram o momento e fizeram o que era esperado: manifestaram repúdio à "campanha" de Huck.
Reprodução do post do apresentador no Facebook
"Foi uma atitude de extremo mau gosto. É como se vivêssemos em uma terra colonizada. Por que ele não chama homens para conhecerem gringas também? É como se as mulheres vivessem para isso. É discriminação contra o país, o povo e a mulher", afirmou, ao site de VEJA, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM),Procuradora Especial da Mulher do Senado.
A ativista Nana Queiroz, responsável pela campanha #EuNãoMereçoSerEstuprada que fez grande sucesso nas redes sociais, definiu a declaração do apresentador como "infeliz", que só serve para reforçar "um estereótipo horroroso", explorado com frequência durante eventos como a Copa. "É como se a mulher brasileira fosse uma mercadoria fácil à espera do melhor gringo comprador, e não um ser pensante com quem estrangeiros pudessem ter uma troca intelectual e afetiva real", criticou.
Para a deputada Inês Pandeló (PT-RJ), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), atitudes como a de Luciano Huck podem acabar estimulando o turismo sexual. "O Brasil já é vendido como um lugar onde os turistas podem vir, porque as mulheres estão dando sopa. A promoção é mais um desrespeito, um crime."
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/campanha-de-huck-reforca-estereotipo-criticam-mulheres
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