Você tem a doença da beleza? Leia a entrevista, faça o teste e descubra!

O que há por trás de tanta preocupação com o corpo?
O grande divisor de águas em nossa relação com a forma física foi a invenção da pílula anticoncepcional. Ela deu à mulher poder de escolha sobre a maternidade – mas também acabou com a justificativa para relaxar nos cuidados com a silhueta. Ao mesmo tempo, entramos no mercado de trabalho. Ao contrário do que a gente imagina, nos anos 1980 a mulher se torna profissional com a obrigação de continuar feminina: ela tem de estar com o corpo em dia, se apresentar bem-vestida, seguir as últimas tendências da moda – sem descuidar da casa e do marido. E falhas não são admitidas.

Quem é o juiz nesse caso?
Acho que as mulheres são mais severas entre si. Peça um exemplo de mulher maravilhosa e invariavelmente vai ouvir falar de uma profissional reconhecida, bonita e boa mãe. Isso vem de casa, onde aprendemos o que é ser uma mulher de sucesso. Outro dia, escutei que o filho da Claudia Leitte tinha tido meningite porque a mãe já estava no trio elétrico um mês depois do nascimento. É cruel, mas é uma coisa feminina. Claudia era admirada porque já estava com a barriga tanquinho, mas também era culpada pela falta de saúde do bebê. De outro lado, você pouco ouve que os homens são desleixados e ausentes com os filhos. O crivo é bem menos duro. Já Ivete Sangalo é mãe zelosa, se dedicou inteiramente ao filho durante um ano e então ficou gordinha. Mas aí a mídia cai em cima: “Ela vai perder peso quando?” Como ela vive da própria imagem, isso é visto como desleixo.

Por que a autoestima feminina está tão ligada hoje a um corpo magro e sarado?
Em tempos de miséria, apenas o clero e a burguesia tinham acesso à comida. A maioria esmagadora da população morria de fome, e a mulher cheia de curvas era o objeto de desejo. A imagem do sucesso, hoje, pressupõe que sejamos magros e jovens. É um corpo que exige disciplina, investimento, horas – artigos de luxo, para poucos. Ao mesmo tempo, não há nada que gere pior impressão do que um sujeito que não sabe administrar o próprio peso e aspecto, pois ele será avaliado como alguém que também é desleixado no trabalho, nas relações amorosas, consigo mesmo. Tendemos a responsabilizar a pessoa pela própria aparência e torná-la uma questão de caráter.
Por que estamos sempre tão divididas entre o prazer de comer e a necessidade de ficar seca?
Vivemos em uma sociedade bulímica: ela nos incita a consumir vorazmente para depois nos levar à privação ou a tomar alguma medida compensatória na mesma proporção.

Somos mais do que corpo e beleza. Parabéns Joana























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