A vaidade põe o Brasil na 2ª posição do ranking mundial de plásticas


30 de Julho de 2010 - 15:07

A vaidade põe o Brasil na 2ª posição do ranking mundial de plásticas

Especialistas analisam o fenômeno com preocupação. Hoje, até homens e adolescentes de 15 anos procuram corrigir supostas imperfeições no corpo
.Atire a primeira pedra quem nunca se olhou no espelho e não gostou do que viu. Pernas finas, barriga saliente, gordurinhas inconvenientes, quadril largo, nariz grande, orelha de abano, manchas, a lista de “imperfeições” é tão grande que, sem dúvida, até pessoas consideradas padrão de beleza têm algo para reclamar. Nada mais natural. A vaidade, dizem especialistas, é boa e necessária. E, nos últimos anos, ganhou uma aliada poderosa: a cirurgia plástica estética. O recurso, porém, deve ser usado com cautela por pacientes e médicos.

Recomendação que parece ser esquecida muitas vezes. Pesquisa do Ibope divulgada este ano coloca o Brasil na 2ª posição no ranking mundial de cirurgias plásticas. Em 2009, foram realizados mais de 645 mil procedimentos desse tipo, o que daria cerca de 1.767 intervenções por dia. Parte desse sucesso todo se deve ao barateamento dos custos da cirurgia e outra parte à busca cada vez maior pelo corpo perfeito. “Sempre há um padrão de beleza vigente, alimentado culturalmente através da mídia. Hoje isso parece mais exacerbado porque há maior facilidade de comunicação. Mas toda sociedade tem seus valores estéticos”, afirma o Psicólogo Alexandre Cavalcanti, Professor da Universidade Católica de Brasília.

Assim, ter vaidade não é algo negativo. “A palavra ‘vaidade’ traz consigo a ideia de pecado. Mas se ela for entendida como cuidar de si mesmo, torna-se uma coisa essencial”, diz Cavalcanti. O problema lembra o especialista, é quando a pessoa deixa de manter um equilíbrio com o ambiente em que vive, não aceitando as fases naturais de seu desenvolvimento. “Tem uma hora em que o paciente precisa reconhecer o envelhecimento. A não ser que o médico ceda e deixe a pessoa com a aparência totalmente artificial”, observa a Cirurgiã Ivanoska Filgueira, que atua na área há 16 anos.

Haja silicone

No consultório de Ivanoska, os procedimentos mais procurados são a implantação do silicone e a lipoaspiração. Em terceiro lugar vêm as chamadas cirurgias combinadas (abdominoplastia lipo, silicone lipo, entre outras). Todas as cirurgias são realizadas mediante indicação médica, com critérios que são discutidos com cada paciente. Segundo Ivanoska, não é raro aparecerem meninas de 15 anos querendo colocar prótese de silicone nos seios. “Aí é preciso explicar que o desenvolvimento mamário não está completo, que a intervenção deve ser feita depois dos 18 anos”, conta a especialista.

E engana-se quem pensa que a busca pela forma ideal é exclusividade das mulheres. Cresce cada vez mais o número de homens que procuram a cirurgia plástica para corrigir imperfeições. A maioria quer levantar a pálpebra, colocar botox, fazer lipoaspiração ou resolver a ginecomastia(1). Há poucas semanas, Ivanoska atendeu um adolescente de 15 anos que havia perdido 20kg e queria fazer cirurgia no abdômen para eliminar o excesso de pele. “Aos 15 anos, não há essa indicação. O garoto ficaria com uma cicatriz enorme para acabar com algo que pode ser resolvido com uma academia”, observa a cirurgiã. “As gerações mais novas estão cada vez mais exigentes com o próprio corpo”, completa.


Exigência doentia

Mas não são só jovens que lotam as clínicas estéticas. Um dos principais problemas dos cirurgiões plásticos é lidar com pacientes sempre insatisfeitos. “Eu já consultei uma moça que tinha feito uma lipoaspiração há 15 dias com outro colega, mas estava insatisfeita com o resultado”, lembra Ivanoska. Em alguns casos, essa ambição pela beleza pode ser uma doença. É quando o médico deve encaminhar a pessoa para um psicólogo. Heloisa Vieira, Especialista em Psicologia Clínica, afirma que há dois tipos de transtornos frequentes em pessoas que recorrem a tratamentos estéticos.

Um deles é o Transtorno Obsessivo Compulsivo - TOC, cuja principal característica é a mania de perfeição. “A literatura mostra que entre 50% a 60% das pessoas que fazem cirurgia plástica têm TOC”, aponta Heloisa. Outro problema são os distúrbios de imagem, quando o paciente é de uma forma, mas se enxerga de outra. Aliadas a essas doenças, surgem complicações como a anorexia e a bulimia. Para identificar essas e outras disfunções, o psicólogo procura analisar a preocupação da pessoa em relação à beleza. “Um dos sintomas é quando a pessoa se sente incapaz de fazer certas coisas por conta da aparência, não vai a uma entrevista de emprego porque tem o cabelo enrolado”, exemplifica Heloisa.


Mal masculino

A ginecomastia é o crescimento anormal da mama nos homens. Ela pode ser falsa ou verdadeira. No caso da primeira, trata-se de gordura acumulada na região. A ginecomastia verdadeira é quando o tecido mamário surge no corpo masculino. A cirurgia é recomendada até para evitar o desenvolvimento de nódulos, assim como ocorre nas mulheres.

O outro, o mesmo

O psicólogo também pode ser um aliado do cirurgião plástico para ajudar pessoas que vêem a intervenção como uma forma de melhorar de vida. “A coisa que eu mais ouço aqui é “doutora, eu acabei de me separar, quero fazer uma lipo e mudar de vida”. Mas as coisas não são assim. A pessoa acaba de passar por um momento triste e vai se submeter a um procedimento que causa dor?”, questiona Ivanoska. Nesses casos, a médica recomenda viver o luto para, depois, procurar o tratamento de beleza.

O melhor é seguir o exemplo de gente que consegue aproveitar os benefícios da cirurgia plástica sem passar da conta. A dona de casa Eurides Campos de Sousa, 62 anos, já fez duas intervenções, uma no abdômen há 18 anos e outra no pescoço, mas não pensa em ir para a mesa de operações outra vez. “Eu acho que tudo tem um limite mesmo. Não adianta se esticar toda se, por dentro, você está envelhecendo”, ensina Eurides. A dona de casa também teme o aspecto artificial dos resultados. “Não adianta ficar com a cara de 40 e o resto de 50. Daqui para frente, tudo cai mesmo”, brinca ela.


Responsabilidade

Não é raro, porém, encontrar casos de gente que ficou desfigurada depois de tantas intervenções. Entre as celebridades, a socialite norte-americana Jocelyn Wildenstein, 69 anos, lidera um ranking da internet que lista os 10 piores desastres da cirurgia plástica. Jocelyn começou sua “transformação” nos anos 1970 e tinha a ambição de ficar parecida com uma gata. O resultado, alcançado com mais de US$ 4 milhões gastos em cirurgia, é desastroso.

“A cirurgia plástica estética presume a idealização do paciente, que, muitas vezes, é guiado por propagandas e por uma visão deturpada. Esse pensamento fixo precisa ser analisado firmemente pelo médico. Ela não pode transformar a pessoa em outra”, alerta o Coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho Federal de Medicina - CFM.

Comentários

  1. selma como posso ser uma mulher, mulher não menina magra vaidosa e bonita

    ResponderExcluir
  2. Seja mulher sempre. Explore seu sorriso, sua felicidade e sua feminilidade. Todos os seres humanos tem algo de bonito.... somos perfeitos e inteligentes para aprender diariamente a viser bem!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

E a vigorexia anda à solta!!!!

Vítima de anorexia, Carola Scarpa morre em São Paulo

Homens superam preconceitos e aderem ao silicone para turbinar o corpo