Fetiche : adoração, prazer ou obesessão ?

Fetiche: como certos objetos, no corpo feminino, ganham outro sentido e atiçam a libido. Adoração por uma parte do corpo ou objetos podem ser saudável para o casal

MAURÍCIO FRIGHETTO
Em uma vitrina, um sapato vermelho, de salto alto, não faz muita diferença para um homem. Mas, se ele estiver nos pés de uma mulher, provavelmente despertará o desejo dele. Culpa do fetiche, uma das principais armas da sedução. Algo simples e capaz de fazer uma enorme diferença.
Fetiche é a adoração por uma parte do corpo ou por objetos relacionados a ele. A combinação descrita acima é clássica, mas poderiam ser infinitas. Homens adoram bundas e seios, mas talvez os venerem ainda mais se estiverem com uma calcinha ou um sutiã sensuais. Saia e bota costumam formar outro par perfeito. Até as atuais calças legging fazem enorme sucesso no universo masculino.
Os objetos, sozinhos, são simples objetos. É quando estão no corpo de uma mulher que se tornam uma arma. Ou, ainda, se são de uma mulher. Um vestido da namorada, deixado na cama do namorado, pode ser cheirado e adorado. Faz a conexão com a pessoa que não está ali.
Sigmund Freud foi um dos primeiros a falar em fetiche relacionado ao sexo. De acordo com o professor de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Augusto Monguilhott Remor, o pai da psicanálise dizia que o termo se referia a uma visão estritamente masculina.
Mas nem todos concordam com Freud. No livro Fetiche - moda, sexo e poder, a americana Valerie Steele defende que os homens têm, sim, fetiches com frequência duas vezes e meia maior do que as mulheres. Isso não significa, diz a autora, que elas estejam menos interessadas, mas parecem não desejar os objetos com a mesma intensidade.
— O homem é mais visual, costuma olhar e fantasiar. Já as mulheres costumam sentir-se atraídas por aqueles que usam uma roupa diferente, como um uniforme de bombeiro, de marinheiro ou um terno, todos muito sensuais — diz a sexóloga e psicóloga Lucimar Secches, que tem consultório em Florianópolis e São Paulo.— É uma prática importante quando compartilhada pelo casal. Na verdade, qualquer fantasia é boa. Tudo é bem-vindo desde que a relação seja saudável — comenta a sexóloga Lucimar .

O homem vê a mulher com aquela calcinha vermelha e pequena que ele adora. Ela tira a roupa íntima, devagar, e a joga para o lado. Se o homem preferir a calcinha à mulher, é bom ficar atento. É o momento que o fetiche, presente em maior ou menor grau em todas as pessoas, passou dos limites e virou obsessão.
O exemplo acima, fictício, foi dado pelo professor de psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Augusto Monguilhott Remor, para explicar o risco da prática.

— O fetiche é um estímulo, um plus. Tudo o que pode ser usado para estimular a relação é bom. O problema é quando se substitui a pessoa amada por um objeto. Então, é hora de repensar. Quando o fetiche prejudica, quando há reclamações, ou quando a pessoa só se satisfaz com este objeto, é hora de buscar ajuda.
A sexóloga Lucimar Secches faz um alerta semelhante:
— Quando a única forma de obter prazer é a atração pelo objeto, a situação se torna uma obsessão. Se ele não consegue ter desejo com a penetração, o fetiche torna-se um limitador — afirma.
Essa obsessão pode gerar situações estranhas, como é o caso do americano Chad W. Dawson, 32 anos. Em março, ele foi preso por tentar roubar calcinhas em uma casa de Ohioville, Pensilvânia.
Dawson se mostrou envergonhado, mas disse querer ajuda para tratar seu fetiche.
— Eu quero falar com um médico para saber que tipo de ajuda eu preciso.


Símbolo de sensualidade com uma pitada de ingenuidade, as pin-ups representam o que pode ser um fetiche. Numa época em que mostrar as pernas era atentado ao pudor, as figuras em poses banais faziam os soldados americanos sonharem no campo de batalha durante a 2ª Guerra.
Definição convencional
A palavra fetiche vem do francês fétiche, que por sua vez é um empréstimo do português “feitiço” cuja origem é o latim facticius "artificial, fictício". Os fetiches mais comuns são os pés, os sapatos (como sandálias e botas) e a roupa íntima feminina.

DIÁRIO CATARINENSE
















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